terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Boas Festas!


segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Surrealizar (1988) - Ban

Quando em 1980 Rui Veloso lançava “Ar de Rock” a musica portuguesa dava uma volta de 180 graus. O chamado “boom do rock português” levava a ribalta bandas como os Táxi, Trabalhadores do Comércio, UHF, Grupo de Baile, GNR, Roquivários entre outros, foi uma época em que a musica portuguesa conseguiu uma evolução nunca vista e ainda hoje tudo o que se faz por cá se deve em muito a todo esse movimento que surgiu em inicio dos anos 80. Foi nesta altura que surgia no Porto os Bananas, banda de João Loureiro fortemente inspirada na sonoridade urbano-depressiva de Manchester.
Mas foi em 1988, depois de algumas alterações no nome já que passam a chamar-se simplesmente Ban e na formação da banda, já com Ana Deus a fazer companhia a João Loureiro na voz, lançam “Surrealizar”. E as mudanças não se ficaram por ai, também a sonoridade dos Ban é alterada cortando completamente com o rock “cinzento” de Manchester, os Ban assumem com “Surrealizar” que nada têm a ver com o chamado “boom do rock português” e fazem de uma pop pura, simples e assumidamente comercial o seu cartão de visita.
O que é certo é que tanta honestidade por parte dos Ban deu frutos e este trabalho foi um sucesso. Levado muito a sério pela critica da altura este trabalho foi considerado o primeiro álbum pop a sério em Portugal e os Ban o primeiro projecto pop portugues, todo o álbum está repleto de surpresas, e todo ele é envolvente. A abrir um tema que tudo diz sobre os Ban: “Num Filme Sempre Pop”, um dos sucessos de “Surrealizar”, que posteriormente viria a a dar titulo a colectânea dos melhores temas dos Ban. Mas o destaque vai obviamente para a faixa seguinte, “Irreal Social” é um tema a quem a musica portuguesa muito deve, dos melhores temas portugueses da década de 80, esta faixa expressa como nenhuma outra a sonoridade pop dos Ban com “riffs” curtos e secos de guitarra, o saxofone e as teclas como que estrategicamente a apoiar toda a envolvente musical, os jogos de voz entre João Loureiro e Ana Deus e claramente a letra urbana e pós-moderna que tantos elogios recebeu, de referir também em “Irreal Social” como não podia deixar de ser o videoclip arrojado, este tema explodiu e foi um dos maiores sucessos de radio nesse ano, lançou os Ban para a ribalta da musica portuguesa. Destaque merece também “Encontro com Mr. Hyde” com uma letra muito boa, outro sucesso na onda pop como o é todo o álbum, destaques também para “Um Espelho Riu” em que destaco a batida e “Brouhaha (Um Caso de Confusão Mental)” e “Doce Fazer nada”. Pelo meio encontramos musicas que encaixam bem no álbum fazendo dele uma obra que vale pelo todo: “Ritualizar”, “Função” e “Era Uma Vez”.
Um álbum especial, que de certo modo revolucionou a musica portuguesa apesar de não lhe ser imputado o devido valor e de ser um álbum e uma banda um pouco esquecida, cortaram com o rock português como que criando uma nova secção na musica moderna portuguesa, um novo ramo surgido da riqueza musical do já referido “boom do rock português”, este álbum é obrigatório, do melhor que se fez em Portugal na decada de 80. Depois dos Ban vieram os Diva os Três Tristes Tigres (de Ana Deus) ou os Entre Aspas, bandas cuja sonoridade muito se inspira nos Ban prova de que os Ban marcaram a cena musical portuguesa e que foram e continuam a ser uma referência
Os Ban terminaram oficialmente em 1995 depois de dois álbuns também eles muito bem sucedidos “Musica Concreta” de 1989 e “Mundo de Aventuras” de 1991 e as colectâneas “Documento 83-86” lançada em 1992 e “Num Filme Sempre Pop – O Melhor dos Ban” de 1994. De então para cá tem se ouvido falar em rumores de uma possível reunião do grupo portuense que infelizmente não têm passado disso mesmo, de rumores…
“Surrealizar” promete uma viagem envolvente ao universo pop, em que as letras e a musica se conjugam com uma qualidade rara, e é fiel demonstrador da melhor pop que Portugal alguma vez ousou fazer…


Irreal Social - Ban

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Viva La Vida or Death and All His Friends (2008) - Coldplay

Controverso… é o primeiro adjectivo que salta a memoria quando se fala no álbum desta semana: “Viva la Vida or Death and All His Friends”.
Depois de ”X&Y” de 2005 álbum que colocou os Coldpaly como uma banda de maior destaque na cena Rock mundial e que lhe deu o protagonismo que vinha em crescendo ao longo da carreira, eis que passados 3 anos de angustiante espera para os fãs e grande expectativa para a critica é lançado o álbum esta semana apresentado. A polémica deste álbum resume-se a mudança de sonoridade e a inovação levada a cabo por esta banda Britânica: por um lado os fãs mais cépticos que seguiam a banda desde o inicio e que com tanta inovação levada a cabo neste álbum não gostam dele, por outro o novo publico (em que me incluo) que este trabalho teve o condão de conquistar… Os dados estavam lançados… Saída de cena em apoteose com “X&Y”, 3 anos de longa espera, a colaboração do mestre Brian Eno, a critica a ajudar dizendo que vinha ai o melhor álbum de sempre dos Coldplay, o que é certo é que após o lançamento deste álbum em Junho deste ano, vendeu 2 milhões de copias em todo o mundo só nas primeiras semanas, e estava lançada a discussão, não há quem não tenha opinião sobre este trabalho, críticos e não críticos, entendidos ou não, quase toda a gente tem algo a dizer sobre ele e as opiniões variam… Obra de Arte ou um disco banal?
Neste trabalho os Coldplay mostram uma maior maturidade, penso que as bandas que merecem ficar para a historia da musica todas elas devem apresentar mudanças ao longo da carreira, adaptações ás novas sonoridades a questão está em saber se essas mudanças são bem conseguidas ou se não o são, os Coldplay inovaram de uma maneira consistente e segura. Com a ajuda de Brian Eno a banda britânica recorreu a sons não experimentados nos trabalhos anteriores, destaco aqui o apoio claro na world music (atenção que a colagem a este estilo está a ficar mais na moda que nunca, aguardemos o que ainda está para vir…) com recurso a ritmos africanos e latinos bem presentes em faixas como “Cemeteries of London”, “Lost!”, “Yes” ou “Strawberry Swing”. Rock sinfónico com direito a orquestra nas faixas “Life in Technicolor”, “Viva La Vida“ (a melhor faixa do álbum, um autentico hino, uma musica que vai perdurar…) e Death and All His Friends (mais introspectiva). Os Coldplay foram inteligentes ao ponto de não deixar totalmente de parte a sonoridade que os havia levado ao topo, isso está patente essencialmente nas faixas “42”, “Viollet Hill” e “Lovers in Japan/Reign of Love”, bem ao estilo dos trabalhos anteriores aqueles que seguiam a banda de mais perto é que se calhar não perceberam isso…
A capa também não poderia deixar de ser referida inspirada no quadro “Liberty Leading the People” do pintor francês Eugene Declaroix, na minha opinião muito bem conseguida e com uma clara mensagem politica intrinsecamente subjacente.
Conceptual e muitas vezes introspectivo, corta de certo modo com o passado… A discussão continua, e vai continuar e isso é mais a prova de que estamos perante um álbum intemporal a provar pelos rios de tinta que já fez correr e pelas paginas de blogs que já encheu, só por isso merece ficar para a história. É inevitável dizer que foi o álbum que mais downloads teve da historia da musica chegou a numero 1 na Grã-Bertanha e nos Estados Unidos e numa serie de outros países incluindo Portugal, o que é raro um álbum conseguir esse feito nos dias de hoje… Para não falar nas 7 nomeações para os Grammys… Se foi a polémica ou a qualidade a conseguir estes feitos… a discussão continua em aberto!
Não me cabe a mim alimentar mais a controvérsia… este álbum conquistou novos públicos que não ligavam nenhuma aos Coldplay e eu fui um desses casos, numa altura em que Chris Martin já fala no fim da banda (numa tentativa de catapultar ainda mais os Coldplay para o estatuto de banda de culto) não me cabe a mim dizer se “Viva la Vida or Death and All His Friends” foi ou não o melhor álbum de 2008 ou dos últimos 8 anos, uma coisa é certa, á muito tempo que não tinha o prazer de ouvir Rock com tanta qualidade...



Viva La Vida - Coldplay

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Houses of the Holy (1973) - Led Zeppelin

Por altura de 1973 os Led Zeppelin já haviam passado a fase do impacto, que pos meio mundo de boca aberta. Os fundadores do heavy metal já haviam realizado 4 álbuns, todos eles bem sucedidos, esgotavam concertos e conquistavam plateias tanto deste lado como do outro lado do Atlântico, eram a data a banda rock referência.
“Houses of the Holy” o 5º álbum de estudio dos Led Zeppelin vem na sequencia desse estatuto, a banda encontrava-se no auge da sua carreira e mostraneste trabalho uma confiança e maturidade que não haviam apresentado em nenhum dos trabalhos anteriores. Os Led Zeppelin sabiam o que queriam e estavam mais cientes que nunca do seu talento, é também um álbum de mudança e arrojado, os Led Zeppelin inovam neste trabalho experimentando novas sonoridades e estilos, deixam um pouco de lado os riffs fazem mais uso de teclados, mostram-se mais soltos e libertos, mas arrebatadores como sempre…
A iniciar, a faixa “The Song Remains The Same” um clássico, puro rock ‘n roll a Led Zeppelin é uma faixa ainda na onda do que a banda vinha a produzir em trabalhos anteriores, uma profunda mudança nota-se na faixa seguinte “The Rain Song” uma das minhas preferidas, uma balada, melancolica uma letra triste, acompanhada de guitarra acustica e onde a “mistica” desta banda se encontra bem patente. Segue-se “Over the Hills and Far Away” fantástica, mais um clássico da banda, com um inicio voltado para sonoridades Country mas que evolui para sonoridades mais pesadas bem ao estilo dos Led Zeppelin. “The Crunge” e “Dancing Days” mais duas faixas uma de um rock ‘n’ roll electrizante ao estilo Led Zeppelin. “Dyer Maker” é a faixa surpresa deste álbum, nesta faixa (mais uma musica de referência da banda) os Led Zeppelin surpreendem toda a gente recorrendo nada mais nada menos que… ao reggae. Uma faixa que fica no ouvido e que demonstra o lado mais versatil destes britânicos que começavam a querer provar que sabiam fazer boa musica independentemente do estilo. Em “No Quarter” está bem patente a vertente oculta e mistica dos Led Zeppelin, desde o inicio que os Led Zeppelin recorriam ao ocultismo criando a sua volta uma mistica muito própria, recurso a mitologia Celta, a literatura fantástica de Tolkein e muitas vezes acusados de ligações Satanicas, nesta faixa os Led Zeppelin demosntram uma vez mais esse seu lado mais obscuro… A terminar este magnifico trabalho “The Ocean” dedicada aos fans da banda, magnifica performance de Jimmy Page que prova ser um dos melhores guitarristas do mundo e obviamente de Robert Plant aliás como em todo o álbum, em que demonstra ser um dos maiores interpretes do rock não só a nivel vocal mas tambem na forma como dá forma as letras e ao espirito da banda…
“Houses of The Holy” é um trabalho que marcou profundamentea musica rock , prova disso são as inumeras versões feitas a faixas deste trabalho como “Dyer Maker” (Sheryl Crow), “No Quarter” (Tool). Quanto a vendas vendeu até hoje mais de 20 milhões de copias em todo o mundo e chegou a numero 1 tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido (como era habito para os Led Zeppelin). A capa é mais uma daquelas capas que ficou para a historia do rock, transmitindo uma vez mais o misticismo e ocultismo como forma de estar na musica da banda, sem utilizar indicativos na capa, só a fotografia, que dá a cada ouvinte a possibilidade de tentar desvendar o significado do cenário apocaliptico e sobrenatural daquelas crianças a subir a Calçada dos Gigantes. A titulo de curiosidade uma dessas crianças é hoje o conhecido apresentador de TV Britânico Stefan Gates…
De uma das melhores bandas de sempre, um dos melhores álbuns de sempre, mais arrojado que os anteriores, mais maduro, boa musica de excelentes musicos sem esquecer toda a carga mistica envolvente dos Led Zeppelin, prepetuada neste trabalho e que faz com que ainda hoje sejam das bandas alvo de mais boatos em todo o mundo e também inevitavelmente das mais ouvidas…

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

So (1986) - Peter Gabriel

Quando em 1975 Peter Gabriel abandonava os Genesis, estava lançada a espectativa em torno da sua futura carreira a solo, e a fasquia era alta, Peter Gabriel fora o "frontman" de uma banda que na altura estava no auge, uma banda inovadora e que conseguia a cada trabalho produzido inevitaveis aclamações da critica, os Genesis estavam no centro do panorama musical de então. No inicio da carreira há que dizer que Peter Gabriel ficou para a critica uns furos abaixo do esperado, com quatro álbuns iniciais em que Peter Gabriel deu o seu próprio nome a todos os trabalhos pois segundo ele, consiederava que não se tratavam de trabalhos distintos mas apenas e só de um único álbum, conseguiu ainda assim alguns pontos de destaque com musicas como “Solsbury Hill” ou “Biko”, no entanto é de destacar o claro afastamento de Gabriel em relação ao progressivo do tempo dos Genesis e a tentativa colagem a sons mais experimentais nomeadamente á world music.
O sucesso chegou numa altura em que nada o fazia prever e em que se esperava mais um álbum na linha dos anteriores, de qualidade mas sem grande impacto comercial. Lançado em 1986 o álbum “So” foi uma autêntica surpresa para o meio musical, e por varias razões…
Peter Gabriel com este trabalho muda drasticamente a sua sonoridade, apercebe-se do que se estava a passar no meio musical e adopta uma sonoridade puramente pop (mais pop que “So” é impossivel…), usou e abusou de samples e de sintetizadores, quanto ás letras, essas manteem a inteligência caracteristica dos trabalhos de Gabriel. Co-Produzido por Daniel Lanois, “So” é constituido por 9 faixas e o destaque vai claramente para musicas como “Sledgehammer” conhecida por todos nós, uma das musicas mais representativas da decada de 80, Gabriel a cantar “I wanna be sledgehammer!” é ainda hoje recordado por todos aqueles que gostam dos anos 80 e de musica, quanto mais não fosse também pelo excelente videoclip, considerado um dos melhores videoclips de sempre em que Gabriel utiliza tecnologia inovadora até então e revolucionou completamente a ideia e o conceito de videoclip, e que ganhou o MTV Music Video Award de 1987 e é ainda hoje e passados estes anos todos o videoclip que mais vezes passou na MTV. “In Your Eyes” outra musica de destaque neste álbum, com uma cagra lirica profunda e uma agradável mistura de pop com world music. Este trabalho teve a participação especial de Kate Bush na também conhecidissima “Don´t Give Up”, um dueto numa musica intimista em que Gabriel nos fala de desespero mas também de esperança e demonstra a suas muitas qualidades de letrista que deram nas vistas desde o tempo dos Genesis. “Big Time” outro videoclip excelente e inovador na linha de “Sledgehammer”. As restantes musicas são de uma pop envolvente e energica com uma carga lirica inteligente como em “That Voice Again”, “We Do What We’re Told (Milgrams 37)” e “This is the Picture (Excellent Birds)”. De homenagem em “Mercy Street” em que Gabriel homenageia a poetisa Anne Sexton. De mensagem politica, que Gabriel já havia demonstrado com musicas como “Biko” no inicio dos anos 80 uma homenagem ao activista negro sul-africano contra o apartheid Stephen Biko, desta vez na faixa de abertura de “So”, “Red Rain” Gabriel demonstra a sua oposição face a pena de morte, uma clara colagem á Amnistia Internacional e á sua mensagem.
De referir também a “guerra” de "frontmans" dos Genesis que apesar de nunca directamente abordada, era inevitavel fazer comparações entre o trabalho a solo Phill Collins (que já mantinha uma bem sucedida carreira a solo) e de Peter Gabriel que com este trabalho Gabriel fica claramente por cima.
Um álbum diferente do que Gabriel vinha fazendo desde que deixara os Genesis, sonoridades pop, um trabalho inteligente do melhor que se fez na decada de 80, de um homem que sempre soube o que queria na musica e que sempre soube colocar o selo da qualidade nos seus trabalhos, nesse ano “So” só perdeu o Grammy para… “Graceland”.
"So", inteligência em formato pop.

Sledgehammer - Peter Gabriel

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Made in Heaven (1995) - Queen

Faz hoje precisamente 17 anos que a musica perdia um dos seus maiores simbolos, Freddie Mercury morreu a 24 de Novembro de 1991, vitimado por uma pneumonia, isto um dia depois de ter anunciado ao mundo que padecia de SIDA. O disco desta semana como não podia deixar de ser, é dos Queen… “Made in Heaven”.
Os Queen foram das primeiras bandas que me habituei a ouvir, a sua sonoridade e patrimonio musical faz parte do imaginario de todos nós, foram a banda que mais popularidade atingiu nos anos 80 do Século passado e um pouco por todo o mundo toda a gente sabia quem eles eram, eram a banda referencia, e apesar das criticas que os tentavam deitar abaixo acusando-os de só pensarem em dinheiro e de serem a banda mais comercial que alguma vez existiu, o que é certo é que os seus trabalhos falavam por si e mantinham-se sempre acima das criticas com vendas sempre superiores a largos milhões de copias nos quatro cantos do mundo, álbuns que não só vendiam como tinham uma grande qualidade, uma verdadeira “banda sem fronteiras” e se nos dermos ao trabalho de parar para pensar, são varias as musicas dos Queen que ficam, e que numa ocasião ou outra das nossas vidas nos marcaram e quase que dá para fazer a “banda sonora das nossas vidas” só com musicas dos Queen…
O 15º album de estudio dos Queen, é “Made in Heaven” de 1995, um álbum postumo de Freddie Mercury, uma sincera homenagem dos restantes membros da banda e a meu ver uma fiel demosntração daquilo que iriam ser os Queen nos anos 90. Posterior a “Innuendo” de 1991, um álbum muito bem conseguido com uma sonoridade mais fiel ao que se fazia ouvir já nos anos 90 a revelar uma perfeita adaptação da banda a nova Decada (aliás como sempre sucedeu ao longo de toda a carreira), “Made in Heaven” vem confirmar essa tendencia e mais, é um álbum diferente de todos os outros… É uma homenagem, nele esta sempre bem presente a saudade, a tristeza e a melancolia de May, Taylor e Deacon, mas acima de tudo de Mercury…
Feito com vocais já gravados anteriormente por Freddie Mercury em todo o álbum esta presente uma sonoridade celestial a condizer com o titulo do trabalho com sintetinzadores que tão bom ambiente de fundo deram ao álbum veja-se a titulo de exemplo a faixa inicial “It’s a Beatuiful Day”. A faixa “Made in Heaven”(linda) e “I was Born to Love You”(contagiante) já haviam sido lançadas como trabalhos a solo de Mercury no seu álbum a solo “Mr.Bad Guy” de 1984 (com uma sonoridade muito pop), aqui nota-se os excelentes arranjos rock a boa maneira dos Queen. Em “Let me Live” acompanhada de coros goospel, Freddie Mercury faz como que um apelo, uma musica bonita mas comovente, “Mother Love” a ultima musica gravada pelos Queen, uma faixa melancolica e reflexiva, “My Life Has Been saved” foi primeiramente laçada como lado-b no single “Scandal” do álbum “The Miracle” de 1989, também ela uma musica agradavel na linha de “Mother Love”. Em ”Heaven For Everyone” e “You Don´t Fool Me” quero destacar o que já referi, ou seja, estas musicas representam bem aquilo que seria a evolução da banda nos anos 90, muita da critica afirmava que a banda nada tinha a oferecer nos anos 90 e que iriam cair em declinio, estas duas musicas motram precisamente o contrario, “Heaven for Everyone” é mesmo uma das musicas mais conhecidas da banda, é para muitos considerada a melhor faixa do álbum e foi utilizada em diversos spots publicitarios (quem não conhece?). “You Don’t Fool Me” mais 90’s que isto é impossivel, com um excelente videoclip a condizer!
“Too Much Love Will Kill You” a power ballad com que Brian May havia feito sucesso em todo o mundo anos antes, era agora editada com a exuberante voz de Mercury, um empenho fantástico de alguem que nunca desistiu e que tratou sempre a musica com a maior dignidadee empenho não obstante a sua condição de saude, esta faixa é prova disso. “A Winters Tale” é na minha opinião a melhor faixa do álbum não só pelo que representa pois foi a ultima faixa cantada por Mercury, uma verdadeira despedida… Há ainda o reprise de “It’s a Beatiful Day” e ainda as faixas “secretas”: “Yeah” de 4 segundos em que se houve Freddie a gritar “Yeah!” e a faixa de mais de 20 minutos em que nunca foi revelado o nome mas os fans acreditam que se chame “Mystique” em que quase nada se ouve, apenas alguns sons de fundo como se de um fantasma se tratasse e que se crê que simbolize a passagem de Freddie Mercury para o paraiso.
Gosto de todo o trabalho dos Queen, todo ele é muito bom, este é especial, por ser uma homenagem a Mercury e por lhe ser dedicado, é o album responsável por fazer com que as novas gerações gostassem de Queen um álbum que fez a “ponte” com as novas gerações, e por ser o álbum do adeus de uma das melhores bandas de sempre. Vendeu até hoje mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo e atingiu (como qualquer álbum dos Queen) o numero 1 em dezenas de paises…
Esta apresentação é uma homenagem a Freddie Mercury, a musica muito lhe deve, e a 17 anos atrás esta ficou irremediavelmente muito mais pobre…


Too Much Love Will Kill You - Queen

Freddie Mercury (1946 - 1991)

"Não serei famoso, serei uma lenda."

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ágætis Byrjun (1999) - Sigur Rós

Um bom começo… Esta é a tradução á letra do titulo do álbum esta semana apresentado dos Islandeses Sigur Rós, contudo, este não foi o começo da banda, não foi o seu primeiro trabalho pois já haviam editado dois trabalhos: “Von” de 1997 e “Von Brigói” de 1998. Diferente dos anteriores, (para melhor) este álbum marcou a carreira dos Sigur Rós e não só, revolucionou mesmo a musica Islandesa cujo maior produto de exportação era Bjork que com este trabalho deixou de ser a única figura de proa da musica deste pais tão distante de tudo e com uma cultura tão rica…
Catalogada como uma banda de post-rock, utilizando nas suas composições uma mistura de jazz, rock, musica electrónica, influências bem presentes neste trabalho, composto por 10 faixas, uma sonoridade alternativa e diferente, altamente melódica os destaques vão para todas as musicas como não poderia deixar de ser. “Intro” abre o álbum e é a faixa mais curta deste trabalho, “Ágætis Byrjun” tema titulo do álbum e primeiro single, uma faixa em que é fácil constatar a sonoridade marcadamente melódica, em “Svefn-g-englar” é impressionante a capacidade vocal do vocalista Jón Þór Birgissonambas as faixas fazem parte da banda sonora do filme Vanilla Sky. A intimistaStaralfur”, (gosto especialmente desta faixa) sobressai e é bastante envolvente…“Flugufesarin” uma faixa arrebatadora, “ Batterí” em que vem ao de cima o lado experimentalista da banda, com um inicio onde reina a confusão com instrumentos de sopro e em que há uma evolução na musica para mais um momento alto em que sobressai a voz de Jón Þór Birgisson. “Hjartað Hamast (Bamm Bamm Bamm)” em que está bem patente a bem sucedida mistura entre o clássico e a musica electrónica, com influência directa do jazz como que uma faixa em que o tempo se cruza, provocando as mais inesperadas sonoridades seguida por “Vidrar vel til loftarasa” a mais longa composição do álbum. “Olsen Olsen”, considerado um hino, a melhor musica do álbum para muita da critica construida a partir de guitarra e em que sonoridades mais clássicas nesta faixa têem uma presença imponente e arrebatadora. Destaco também a vertente sombria da banda em “Avalon” a fechar o álbum.
Este álbum tem tanto de estranho e como de comum, a medida que as musicas vão passando, todo ele se torna familiar, um tipo de musica ambiente, de fácil audição e que transmite inevitavelmente um sentimento de relaxamento, paz e abstracção… clássico e contemporâneo ao mesmo tempo sonoridades com identidade, sentimento e alma e muito mais que simples musica, vamos estranhando de inicio mas a pouco e pouco a musica acaba por nos envolver, um trabalho daqueles que é dificil encontrar hoje em dia e que apesar de estranho, inóspito e longinquo tem la tudo e que se houve do inicio ao fim de uma vez só e que da vontade de repetir quando termina… O isolamento insular da fria Islândia foi neste trabalho materializado como nunca por estes “quatro magníficos” vindos do norte, que no passado dia 11 deram um concerto no Campo Pequeno e deram provas de já terem conquistado o público português. “Ágætis Byrjun” é um álbum com sonoridades próprias de uma cultura fechada como é a islandesa mas ao mesmo tempo rica e arrebatadora reconhecido em todo o mundo como um álbum de enorme qualidade e que revolucionou como foi dito atrás a própria musica Islandesa ao ser considerado o melhor álbum Islandês do Século XX.
Uma obra para escutar com atenção naquelas tardes frias e chuvosas de Inverno que se avizinham, e para viajar através dele…
Ágætis Byrjun” da Islândia com amor…


Olsen - olsen - Sigur ros

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Graceland (1986) - Paul Simon

O sucesso já não era estranho para Paul Simon, com Art Garfunkel fez a dupla de maior sucesso da musica pop Americana nos anos 60, álbuns como “Sounds of Silence” de 1966 ou “Bridge Over Troubled Water” de 1970, tornaram-se obrigatórios e uma referência na musica moderna americana. A solo a carreira de Paul Simon foi também ela brindada com inumeros trabalhos bem sucedidos que atingiram boas vendas, exemplo disso é “Paul Simon” de 1972 “There Goes Rhymin’ Simon” de 1973. Houve contudo um declive na venda dos trabalhos de Paul Simon e se no inicio da sua carreira a solo, os seus trabalhos como ficou atrás referido vendiam bem houve posteriormente álbuns menos conseguidos a nivel comercial falo nomeadamente de “One Trick Pony” de 1980 e o álbum seguinte “Hearts and Bones” de 1983.
A carreira de Paul Simon estava a precisar de um novo folego e depois de algum tempo sem gravar, surge este “Graceland” como resposta de Simon a crise que começava a tomar conta da sua carreira. Na verdade, entre 1983 e 1986 Paul Simon não apresentou nenhum trabalho, como se se tivesse afastado das lides musicais, isso não foi contudo verdade, pois nesse periodo (3 anos!) Paul Simon esteve envolvido na produção de “Graceland”.
Já em 1974 Paul Simon havia realizado uma tournée, com cantores de musica gospel e musicos peruanos, demonstrando claramente o seu gosto pela World Music, “Graceland” vem confirmar esse gosto de Paul Simon pela musica etnica, indo buscar a Africa e as suas raizes os artistas e as sonoridades que o acaompanham neste trabalho, numa altura dificil em pleno apartheid na Africa do Sul.
Em suma, este álbum resume-se a duas palavras, a duas culturas: America e Africa, Paul Simon faz de uma forma soberba, as letras encaixam bem numa sonoridade viva, exotica e plena de musica tradicional Africana como que uma forma perfeita de pintar este “quadro” onde tão bem se entrelaçam e complementam duas culturas tão diferentes e ao mesmo tempo tão proximas, afinal é essa a mensagem de Simon em "Graceland": ultrapassar barreiras, unir culturas através da musica. Os ritmos africanos estão bem patentes em todo o álbum as faixas “The Boy in The Bubble”, “Graceland” e” I Know What I Know” são uma mistura de sons e ritmos de uma forma alucinante e exeplarmente executados, e impossivel não ter vontade de dançar ao som de ritmos tão contagiantes, com estas três faixas, “Graceland” tem um inicio no minimo arrebatador “Gumboots”, a quarta faixa do álbum Simon dá uma lição de crença e como não podia deixar de ser os ritmos envolventes continuam. Em “Diamonds on the Soles of Her Shoes” Simon faz uma indirecta critica ao apartheid confrontando as diferente sorte de diferentes crianças que nasceram em meios diferentes. A faixa seguinte é talvez a mais coinhecida do álbum, “You Can Call Me Al” um ritmo que fica inevitavelmente no ouvido a musica relata uma crise de identidade de um homem que resolve fazer uma viajem pelo 3º mundo. “Under African Skies” magnificos arranjos de guitarra e um magnifico dueto com Linda Ronstadt. “Homeless” cantado exclusivamente por um coro masculino, pura world music africana, na faixa seguinte “Crazy Love Vol II” facil de ouvir e muito envolvente, de seguida “That Was Your Mother” os ritmos africanos ficam um pouco de lado dando lugar a musica puramente americana, musica claramente influenciada pelo jazz. O álbum termina com “All Around The World Or The Myth Of The Fingerprints” uma tipica musica de fim de álbum e a mostrar que Simon é um excelente “fazedor” de albuns do inicio ao fim.
Musicos Norte-Americanos, Sul Africanos, Senegaleses, Nigerianos, Mexicanos e das mais variadas proveniencias trabalharam neste excelente exemplo de riqueza cultural sob a forma de musica, para muitos considerado o melhor trabalho de World Music alguma vez feito. Com “Graceland”, Paul Simon ganhou o Grammy desse ano referente a álbum do ano e quanto a vendas, chegou a número 1 no Reino Unido e a número 3 nos Estados Unidos. Acima de todos os prémios, vendas e distinções destaco a mesnagem de Paul Simon que nunca sendo um compositor politico demonstra desta forma a riqueza da sua mensagem uma mensagem claramente politica e anti-apartheid: a musica não tem barreiras e não distingue culturas, religiões ou raças… E afinal não é isso que conta?


You Can Call Me Al - Paul Simon

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Soul Mining (1983) - The The

Do projecto pessoal de Matt Johnson, The The o álbum desta semana “Soul Mining” é um álbum pop, mas de uma pop muito especial, daquela que soa bem e que não cansa ao ouvir… ao bom jeito dos anos 80. Com 2 álbuns já realizados, “Spirits” de 1979 e “Burning Blue Soul” de 1981, “Soul Mining” é contudo ainda hoje apontado como a grande estreia de Matt Johnson, devido ao fraco impacto dos trabalhos anteriores, “Soul Mining” marcou a diferença, um álbum que como muitos na altura não ficou alheio a realidade de então…
Composto por 8 faixas e de duração total de pouco mais de 40 minutos, “Soul Mining” é por vezes criticado por ser curto (critica que eu não partilho) entendo que os álbuns não são bons pelo numero de musicas e sim pela sua qualidade mas até percebo o sentido da critica, é o sentido do “ja acabou?, quero mais!” e nesse sentido devo dizer que as criticas são perfeitamente legitimas!
A abrir, a faixa “I’ve Been Waiting For Tomorrow (All of My Life)”, com uma batida forte e constante, pura angústia a alta velocidade. Segue-se aquela que foi considerada pela critica uma das melhores musicas da decada e devo confessar ser uma das minhas preferidas “This is the Day” o oposto da anterior e do que na altura se fazia, uma musica alegre com uma sonoridade que fica no ouvido devido ao acordeon e a batida e as palmas constantes no fundo e a voz grave de Matt Johnson. Esta musica fez sucesso em todo o mundo e é impossivel conseguir não nos deixarmos levar e não ouvi-la até ao fim, uma obra de arte! De seguida “The Sinking Feeling” em que Matt Johnson volta a linha da primeira musica com uma letra angustiante e depressiva, mas com uma sonoridade marcadamente psicadelica. “Uncertain Smile” é sem duvida uma das musicas de destque do álbum, uma faixa pop, simples, que fica no ouvido a terminar com um fantastico solo de piano de Jools Holland. “The Twilight Hour" mais uma musica depressiva a letra é sobre uma especie de chamada telefonica que nunca chega. Temos depois a faixa que dá titulo ao album, “Soul Mining”, lenta e igualmente depressiva (para não destoar), que a meu ver soa muito bem sendo uma das melhores do álbum, com grandes arranjos de sintetizador. “Giants” com a sua sonoridade marcadamnente funk. A terminar “Perfect” só acrescentado posteriromente quando o álbum foi lançado nos Estados Unidos, é uma agradavel musica em que se destacam mais uma vez arranjos de acordeon e uma muito boa linha de sintetizadores.
Em suma, o álbum viaja por varios estilos como atras ficou descrito (psicadelismo, synth-pop, funk, new wave) numa altura em que estava em voga contruir musicas a partir de letras cinzentas e depressivas, sem nunca deixar de ter como fundo uma brilhante sonoridade pop que marca o compaço faixa a faixa, as letras essas como já constatei atrás viajam do alegre e bem disposto, ao depressivo constante em quase todas as faixas do álbum.
Ficou feita a revista de uma obra que para muitos é considada de perfeita, um disco obrigatorio quando se faz uma retrospectiva do que foi a pop nos anos 80, musicas como “This is the Day” ou “Uncertain Smile” fizeram sucesso nas radios e pistas de dança naquele ano e marcaram a decada de 80. Depois dos sucesso comercial com “Soul Mining” Matt Johnson foi mudando de estilo em estilo, tocando com diversos musicos incluindo o guitarrista dos Smiths, Johnny Marr, e até conseguiu algum sucesso posterior a “Soul Mining” nomeadamente com “Mind Bomb” de 1989… mas, para ele concerteza que esse facto de vender ou não, de ter ou não ter sucesso teve pouca relevancia, esteve sempre e de certo mais preocupado em experimentar fazer coisas novas, arrojadas e diferentes na musica do que propriamente em fazer trabalhos rentaveis, o lado comercial ficou sempre para segundo plano , e o sucesso alcançado com este álbum foi de certo inesperado pelo proprio Matt Johnosn.
“Soul Mining” é pop que marcou e que ficará para sempre…

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Nevermind (1991) - Nirvana

Eis que finalmente chega a este blog um álbum da década de 90, e que álbum…
Numa altura em que o meio musical se encontrava numa enorme confusão, com a pop (típica dos anos 80) de artistas como Madonna ou Michael Jackson a cair a pique por um lado, por outro o Heavy metal/Hard-Rock não se mostrava a acutilância de outros tempos e apresentava já demasiado desgaste, começando a ficar para 2º plano era preciso algo de diferente e de novo… E se o contexto musical se encontrava numa encruzilhada há que dizer que o contexto politico-social da altura se encontrava igualmente numa grande confusão: a queda do Muro de Berlim e o consequente fim da Guerra Fria, a mudança do mapa geo-politico, a Guerra do Golfo o inicio de uma nova década e uma total descrença no futuro por parte de uma nova geração.
A História tem demonstrado que é de situações de tensão e crise que os movimentos de contra-cultura têem emergido, o caso que aqui é analisado é um dos maiores exemplos disso, oriundos de Seattle, cidade natal de bandas como os Pearl Jam, Soundgarden ou Alice in Chains, os Nirvana foram contudo a face mais visível do movimento “grunge” que vinha a surgir naquela cidade o principal culpado: Nevermind. Tal como Manchester no final dos anos 70/ inicio dos anos 80, que veio baralhar as cartas do cenário musical e por tudo do avesso, Seattle e o seu som veio fazer o mesmo, o movimento grunge era a resposta a todo o deserto que começava a pairar no meio musical, considero obvio o paralelismo tal como em Manchester o undergound (agora de Seattle) assaltava os lugares cimeiros dos tops um pouco por todo o mundo, e o sentimento cantado pelos lideres dessas bandas era o sentimento de milhões…
Falando do álbum em si, o segundo dos Nirvana foi um acaso do destino, foi feito para vender 100 mil cópias o que é certo é desde cedo conquistou a aclamação da critica e as tabelas de venda um pouco por todo o mundo, até hoje já vendeu mais de 20 milhões de cópias, mas que tem ele de tão especial? Em primeiro lugar há que dizer o que já foi referido, este álbum representa uma nova sonoridade, uma sonoridade alternativa e numa altura em que outros gigantes da musica se encontravam em declínio foi um passo bastante importante para alcançar o sucesso, mas obviamente que não bastava fazer um som diferente para se ter sucesso é imprescindível a qualidade e essa está patente do inicio ao fim de “Nevermind”. O álbum começa com “Smells Like Teen Spirit”, dispensa apresentações, não só é um hino undergound, como para muitos (e eu não discordo) é considerado o hino dos anos 90, bem como uma das melhores canções rock de sempre, segue-se “In Bloom” uma critica á industria musical da altura, “Come as You Are”, inesquecível também devido aos seus acordes, tantas vezes repetidos nas aulas de iniciação de guitarra um pouco por todo o mundo, em “Breed” é de notar a vertente underground dos Nirvana (aliás como em todo o disco), “Lithium” é sobre o distúrbio bipolar do seu autor Kurt Cobain, vem se seguidaPolly”, em que Cobain demonstra a sua repugnância face a violação, “Territorial PissingsCobain indica que há uma saida para os problemas, “Drain You” sobre amor, Kurt Cobain assumiu ser uma das suas preferidas a par de “Smells Like Teen Spirit”, “Lounge Act”, uma musica que nos fala sobre persoectivas futuras, “Stay Away” um grito de revolta de Cobain contra o conformismo da juventude, “On a Plain” alvo de diversas interpretações, com varias linhas de poesia e a terminar o magnifico “Something in the Way” sobre a experiência de Cobain ao ser expulso de casa mas Cobain indica que há um caminho apesar de experiências menos positivas… Tudo isto acompanhado de um som diferente de “riffs” e mais “riffs” com uma linha de bateria de Dave Grohl também ela fenomenal…
Produzido por Butch Vig baterista dos Garbage e produtor de trabalhos de bandas como Smashing Pumpkins, Sonic Youth e mais recentemente Green Day é em suma um álbum diferente não só apresenta uma sonoridade pesada mas inovadora, como que uma lufada de ar fresco no panorama musical, como é dirigido a um público ansioso por respostas, alguém que indicasse o caminho num tempo de incertezas este álbum teve esse condão, relata uma época. Os Nirvana a partir dai nunca mais seriam os mesmos, e a titulo de curiosidade, (simbolicamente) destronaram Michael Jackson dos tops Americanos, acabando de vez com a musica pop tão popular nos anos 80, é para muitos considerado o melhor álbum dos anos 90, o Vh1 chega a considerá-lo o 2º melhor álbum de sempre (somente atrás de “Revolver” dos Beatles), a capa essa dispensa apresentações mas merece o seu mais merecido destaque sendo considerada pela Rolling Stone a melhor capa de todos os tempos… Independentemente de se gostar ou não do género, este álbum e histórico, razões não faltam para tê-lo em casa e ouvi-lo do inicio ao fim.
"Nevermind" está para a década de 90 como nenhum álbum consegue estar para a década em que foi feito, é o álbum de toda uma geração…


Smells Like Teen Spirit - Nirvana

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Love at First Sting (1984) - Scorpions

Para muitos, a decada de 80 é considerada a decada do Heavy Metal, pois foi nesse periodo que bandas representantes deste género atingiram a ribalta do rock mundial. Os alemães Scorpions foram um desses exemplos.
Posterior ao consagrado “Blackout” de 1982, o 9º álbum de estudio dos Scorpions, “Love at First Sting”, é quase unanimemente considerado o melhor da banda, razões não faltam, numa altura em que o rock era sempre a abrir, e em que sonoridades mais pesadas ganharam definitivamente o seu espaço na cena mundial.
Há quem o considere um álbum de Heavy Metal e tambem quem considere que estamos perante sonoridades Hard Rock, não acredito que faça sentido essa discussão uma vez que o álbum é uma referencia tanto no Heavy Metal como no Hard Rock. O álbum é um trabalho fácil, malha atrás de malha, avassalador do inicio ao fim, mesmo que não se goste de musica pesada considero ainda assim obrigatorio e acho dificil não nos deixarmos contagiar pelos riffs e solos de guitarra de Rudolf Schenker e Matthias Jabs, e pela magnifica voz de Klaus Meine que depois de um problema nas cordas vocais voltava com um novo estilo vocal, mais “soft”, que viria a marcar tambem uma sonoridade diferente da banda. Este álbum foi a consagração definitiva dos Scorpions a nivel mundial, depois de “Blackout” tambám ele bastante aclamado pela critica, “Love at Fisrst Sting” surge como uma evolução na continuidade, muitos não acreditariam que a banda conseguisse a consistencia e qualidade que consiguira com o álbum anterior , o que é certo é que este album arrasou completamente todas as criticas e em termos comerciais foi o 6º mais vendido nas tabelas da Billboard naquele ano.
O inicio do disco dá-se com “Bad Boys Running Wild”, puro Hard Rock, fica no ouvido seguindo-se de um dos melhores temas dos Scorpions dentro desse género, “Rock You Like a Hurricane”, (quem não conhece?) de seguida surgem musicas como “I’m Leaving You”, “Coming Home”, “The Same Thrill”, “Big City Nights”, “As Soon as the Good Time Rolls”, encaixam na perfeição umas atrás das outras como peças de um puzzle estonteante de riffs e solos a um ritmo alucinante que não ficaria completo sem a instrumental “Crossfire”, e sem a intemporal balada “Still Loving You” que fecha com chave de ouro o álbum. Apesar de não ter sido muito bem recebida pelos fans da banda habituados a uma sonoridade mais pesada, teve o condão de conquistar um novo publico para a banda, e é considerada uma das melhores baladas rock de todos os tempos, entendo que a banda com esta balada mostrou o seu lado versatil e provou que cosneguia fazer excelentes musicas para alem do Hard Rock/Heavy Metal, foi a meu ver musicas como esta que ajudaram a catapultar os Scorpions para a ribalta da cena rock da altura.
Em consequencia deste trabalho os Scorpions conquistaram definitivamente os EUA, o que para uma banda alemã, era uma missão impossivel, a Tour Americana desse ano esgotou concertos atrás de concertos, tomaram de asslato os Tops, tornaram-se a referência Hard Rock de então… Há a referir o também ele imprescindivel “World Wide Live” com registos ao vivo nos EUA e na França da Tour desse ano e que é unanimemente considerado um dos melhores discos rock ao vivo não só dos anos 80 mas de sempre, e que mostra bem as performances de uma banda que foi sem duvida das melhores bandas ao vivo nos anos 80.
Os Scorpions foram uma banda que eu pessoalmente desde cedo soube apreciar e dar o devido valor, apesar de ainda andarem por ai e da critica considerar que andam um pouco perdidos e a mais, longe dos sucessos que os consagraram nos anos 80 e inicio dos anos 90, é uma banda que merce respeito por tuda uma longa carreira que fala por si. Os sucessos já lá vão é certo, considero impossivel os Scorpions voltarem a estar na ribalta como o estiveram em consequencia de álbuns como o este que aqui é apresentado, contudo é bom andarem por ai passados estes anos todos nem que seja para interpretar as musicas desses tempos que fizeram historia no rock, pelo saudosismo. E os fans, esses continuam a estar (como se de uma fidelidade cega se tratasse), um pouco pelos quatro cantos do mundo a celebrar o rock…
“Love at First Sting”, rock a "abrir" do inicio ao fim...

Big city nights.mp3 - Scorpions

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte (1978) - José Cid

Todos nós reconhecemos a influencia que o trabalho de José Cid teve e continua a ter na musica popular Portuguesa, o que o grande público desconhece é o outro lado da carreira de José Cid. O álbum esta semana apresentado é a faceta mais visível desse lado “oculto” de José Cid.
Depois do sucesso alcançado como líder do Quarteto 1111, José Cid “aventura-se” no rock progressivo na altura em voga. Em 1977 José Cid lança o álbum “Vida (sons do quotidiano)” o primeiro da faceta progressiva de José Cid, para no ano seguinte lançar o álbum “10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte”. Costuma-se a dizer que o povo português nunca soube dar valor ao que era seu, preferindo os estrangeiros e estrangeirismos que muitas vezes de qualidade inferior ao que é nosso ganham valor apenas pelo facto de não serem portugueses, como o Vinho do Porto em que (há quem diga) ainda não lhe soubemos dar o devido valor, “10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte” é o exemplo maior (na musica) dessa característica tão nossa, senão vejamos: É considerado dos 100 melhores álbuns do género Rock Progressivo de sempre (e é cantado em português um marco notável!), o seu valor em leilões um pouco por todo o mundo atinge as muitas centenas de euros e basta pesquisar no Google “José Cid” ou “10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte” para nos serem apresentados centenas de sites que um pouco por todo o mundo fazem referencia a este trabalho, e muito mais poderia ser dito aqui sobre os “feitos” deste trabalho, contudo é impressionante como este trabalho é desconhecido pelo público português.
O álbum em si e um trabalho conceptual, que relata a historia de um homem e de uma mulher que não podendo mais viver no Planeta Terra fogem para o espaço, voltando 10000 anos depois. Começando com “O último dia na Terra” uma faixa em destaque em que sobressai o mellotron, em “O Caos” José Cid apresenta a sua visão do Apocalipse: “A tua cidade é uma vala comum/ todos os caminhos vão a lugar nenhum…”, a faixa seguinte “Fuga Para o Espaço” é um épico, transmitindo uma atmosfera triste e melancólica, seguido de “Mellotron, o Planeta Fantástico”, em que o mellotron está mais uma vez em destaque bem como os solos a um ritmo alucinante da guitarra da Mike Sergaent, a faixa seguinte é a que dá titulo ao álbum, de uma excelente técnica e execução musical, um bom exemplo de rock-progressivo bem tocado assim como “A Partir do Zero” uma fantástica faixa instrumental tal como a faixa final do albumMemos” caracterizada pelos excelentes coros.
De referir também o elenco de luxo que acompanhou José Cid neste trabalho: Ramon Gallarza, Mike Sergaent e Zé Nabo, excelentes músicos. Outras curiosidades deste Álbum para além das já referidas é as de que o álbum era considerado pouco comercial e tendo no seu interior um mini-livro com fotografias que o encarecia muito, José Cid abdicou dos royallities, o álbum vendeu muito pouco, e José Cid deixou por completo a sua vertente progressiva e nunca mais se aventurou nestas andanças (é pena), num dos sucessos seguintes de José Cid a bastante popular “Amar como Jesus amou”, José Cid explica que a compôs porque precisava de comprar um carro novo…
Por tudo o que representa, por ser um dos melhores álbuns de rock-progressivo alguma vez feitos, eu aventuro-me mesmo a dizer que foi dos melhores trabalhos musicais alguma vez feitos no nosso pais, pela critica de José Cid feita a humanidade, e pela excelente qualidade dos músicos que acompanham José Cid nesta obra, este álbum merece ser ouvido com atenção, porque não acompanhado por um cálice de Porto?


Mellotron O Planeta Fantasticoo - Jose Cidd

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Depeche Mode de regresso a Portugal em 2009


No dia em que foi apresentado neste blog o álbum "Music for the Masses" dos Depeche Mode, como que por magia é anunciado o regresso do grupo britânico a Portugal, para um concerto no Porto inserido no Festival Super Bock Super Rock no dia 11 de Julho de 2009, como cabeça de cartaz. A passagem por Portugal é a última data Europeia da banda da "Tour of the Universe 2009". Esta é a primeira banda confirmada nos Festivais de 2009 e é sem dúvida um dos regressos mais esperados pelo público português, os bilhetes já se encontram a venda nos locais habituais...
A "Devoção" está de volta!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Music for the Masses (1987) - Depeche Mode

Os Depeche Mode foram uma banda que desde cedo soube conquistar o seu espaço na cena musical dita synth-pop, na altura em que surgiram (inicio dos anos 80) usava-se e abusava-se dos samplers e dos sintetizadores, bandas como Human League, Orchestral Manouvers in the Dark, Erasure entre outras, conquistavam a pouco e pouco os tops, destronando o rock.
O 6º álbum de estudio dos Depeche Mode, “Music for the Masses” de 1987, surge como uma evolução da banda, e uma tentativa de adaptação uma realidade sonora que vinha a surgir em finais dos anos 80. De facto e depois de uma ligeira mudança já ocorrida no trabalho anterior “Black Celebration”, em que a sonoridade se tornou um pouco mais complexa assim como as letras mais intensas, deixando um pouco de parte a sonoridade pop, que conotavam ainda os Depeche Mode como uma banda de “teenagers” irreverentes que faziam um tipo de musica fácil, e que até soava bem, “Music For the Masses” foi ainda mais longe que o anterior “Black Celebration” foi um álbum de roptura em que os Depeche Mode atingiram a maturidade musical, adaptam-se compeltamente a uma sonoridade que vinha a surgir, o rock começava a estar novamente na moda e os Depeche Mode perceberam isso como ninguém, assim abandonam definitivamente os samplers e a sonoridade mais marcadamente synth-pop, uilizam pela primeira vez guitarras que nunca mais viriam a largar, e fazem da criação de ambientes sonoros o seu cartão de visita. Quanto a carga lirica, é considerado ao mesmo tempo romântico, épico e depressivo, o álbum é obscuro mas ao mesmo tempo dá vontade de dançar…
Composto por 14 faixas, o principal destaque vai para a faixa de abertura “Never Let Me Down Again”, uma faixa sobre amizades traidas, um clássico da banda, com um videoclip (realizado por Anton Corbijn) igualmente muito bom, “Strangelove” um sucesso nas pistas de dança no outro lado do Atlântico, obrigatória nas compilações de musica electrónica dos anos 80, “Little 15” e a seu lirismo depressivo, sobre memorias passadas ou “Behind the Wheel” uma continuação de “Never Let Me Down Again”, novamente o video está excelente, mais uma musica sobre o amor em que David Gahan interpreta de forma genial as letras de Martin Gore. Pelo meio surgem as restantes musicas “The Things You Said”, “Sacred”, “I Want You Now”, “To Have and to Hold”, “Nothing” e “Pimpf”, e as bonus tracks “Agent Orange”, “Pleasure Little Treasure” (que também destaco) que veêm comprovar a mudança arrojada de estilo da banda e também versões diferentes de “Never Let Me Down Again” e “To Have And To Hold”.
Apesar de não ter sido nada bem recebida pelo público britânico habituado a uma sonoridade pop mais electrónica e com uso e abuso de samplers, talvez derivado a aversão a mudança do povo britânico, o que é certo é que nos Estados Unidos os Depeche Mode conseguiram o sucesso e o reconhecimento que nunca haviam conseguido, obtendo vendas assinalaveis de mais de 1 milhão de cópias, e uma tourné que consagrou a banda encerrando com um concerto no Pasadena Rose Bowl para mais de 80000 pessoas, (impensável na altura para uma banda de musica electrónica!) fez com que se passasse a catalogar a banda como alternativa devido as letras e ao novo publico que este trabalho conquistou, este álbum é considerado como a grande inspiração da corrente pop-electrónica que surgiu em finais dois anos 80, inicios dos anos 90, e com bandas rock como os Smashing Pumpkins ou os Deftones a reconhecerem a inspiração recebida deste trabalho.
Dizer que este álbum marcou a viragem do estilo dos Depeche Mode é pouco, marcou também os anos 80, o álbum é apontado como uma referência na musica electronica e os Depeche Mode mostraram ao mundo como era possivel uma banda reinventar-se, sem perder a sua identidade.
“Music for the Masses”: A synth-pop não morreu, foi reinventada…


Strangelove - Depeche Mode

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

In the Court of the Crimson King (1969) - King Crimson

Como primeiro álbum de uma banda que desde inicio soube ser diferente, “In the Court of the Crimson King” é um álbum obrigatório na discografia dos apreciadores de Rock Progressivo, e não só…
Considerado de conceptual, numa altura em que o Rock Progressivo começava a impor-se, muito por culpa de bandas como os Genesis ou os Pink Floyd, mestres de então na produção de trabalhos musicais ditos conceptuais, em que a arte cénica e o recurso a efeitos especiais era uma constante tanto nos álbuns como nos espectáculos ao vivo, recuso-me contudo a considerar que nada mais havia para além destes dois gigantes do Rock Progressivo e este álbum demonstra precisamente que os King Crimson são uma banda fulcral deste movimento musical.
O álbum começa com a faixa “21st Century Schizoid Man” uma faixa a “rasgar” em que Robet Fripp & companhia demonstram uma sintonia perfeita, e uma forma muito inteligente de fazer heavy metal (isto em 1969!), segue-se uma musica que considero especial “I talk to the wind” de uma beleza excepcional, de uma sonoridade completamente diferente da faixa anterior em que o flautista Ian McDonald brilha com solos excepcionais criando ambientes que nos transportam a paragens bucolicas. Em “Epitaph”, é a vez do baterista Michael Giles brilhar numa musica também ela excepcional. Segue-se “Moonchild”, a mais experimental do álbum com cerca de 12:13, os King Crimson puseram neste álbum vários estilos, "In the Court of the Crimson King" é considerado uma autêntica confusão de sons, estilos e correntes musicais, a componente experimentalista da banda não ficou de lado, esta faixa começa com uma especie de balada guiada por mellotron e acaba com uma total balburdia de sons, puro experimentalismo caracteristico dos King Crimson. O álbum termina em grande com mais uma grande faixa: “In the Court of the Crimson King”, a faixa que dá titulo ao album onde a banda demonstra mais uma vez a sintonia entre musicos de grande qualidade e em que Fripp assume o comando, uma faixa ao estilo da primeira, um rock pesado, o álbum termina como começa… bem, com sonoridades pouco experimentadas áquele tempo, pelo meio três faixas mais calminhas em que se viaja de estilo em estilo, sempre com enorme qualidade.
Este trabalho, dos álbuns de estreia mais bem conseguidos de sempre, veio obviamente colocar os King Crimson na cena mundial, não se trata de uma banda de rótulos e os trabalhos seguintes vieram a provar isso mesmo, a banda nunca destuou, apesar da qualidade dos seguintes trabalhos não chegar a qualidade de "In the Court of the Crimson King" (a meu ver), houve sempre muita versatilidade e mistura de estilos em cada trabalho considerando mesmo Robert Fripp que os King Crimson eram uma forma de fazer coisas na musica, muito também por culpa da constante entrada e saida de mebros da banda, não seguindo um estilo propriamente firmado, a banda é catalogada (se é que se pode falar em catalogar os King Crimson) de progressiva e não só: jazz, musica erudita, heavy-metal, folk-rock, musica psicadelica e a lista de generos e sub-generos poderia continuar por ai fora…
De destacar também neste álbum a capa feita por um amigo de Peter Sinfeld , Barry Godber que faleceu de ataque-cardiaco pouco tempo depois da realização do álbum. A capa representa uma expressão humana de sofrimento e pânico, a meu ver, considero exemplarmente bem escolhido para capa deste trabalho, a pintura é excelente ainda para mais considerando que não foi feita por um pintor e que foi a primeira pintura e única de Barry Godber, fica para a história…
Versátil, experimental, arrojado, "In the Court of the Crimson King" é um dos grandes álbuns de Rock Progressivo, considerado a par de trabalhos como "The Dark Side of the Moon" dos Pink Floyd ou "The Lamb Lies Down on Brodway" dos Genesis dos melhores do género, um daqueles que marcou a sua época representa bem aquilo que foi a musica na transição dos anos 60-70, independente do estilo, dos habituais rótulos que aqui não fazem o menor sentido e das divagações de Fripp & companhia, musica assim com qualidade sabe sempre bem ouvir…

Epitaph - King Crimson

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

The Queen is Dead (1986) - The Smiths

Há bandas que foram bandas, criaram musica, e ficaram para a história pelo trabalho musical que fizeram, no entanto há outras bandas que foram muito mais que uma simples banda, os Smiths foram de facto muito mais do que um grupo de musicos que fazia boa musica, foram uma instituição, um sindicato, um partido politico e porque não dizer mesmo uma religião. Oriundos de Manchester tal como bandas como os Echo and The Bunnymen, Druitti Column ou os Joy Division que conseguiram transmitir como ninguém a realidade urbano-depressiva daquela cidade, os Smiths foram mais longe ainda, passaram as barreiras de Manchester, tornando-se um fenómeno nacional.
O 4º álbum dos Smiths, “The Queen is Dead” é para muitos considerado a obra prima da banda que mais marcou a musica britânica dos anos 80. “The Queen is Dead” surgiu depois de “Meat is Murder”, altura em que os Smiths estavam no auge e que eram seguidos por multidões de jovens fans que idolatravam a banda, mas o que fazia desta banda tão especial, sendo uma banda que praticava uma musica dita alternativa, numa altura em que o synth-pop se encontrava no auge, eram oriundos de uma cidade onde nunca nada acontecia e gravavam numa editora independente? É dificil falar dos Smiths, mas eu gostaria de considerar em primeiro lugar a capacidade lirica de Morrissey, com suas letras melancolicas, sensiveis e depressivas (como que se de excertos do seu diario se tratasse) por um lado e por outro provocantes e ameaçadoras enfrantando varias instituições, Morrissey tinha uma mensagem (ou várias), e neste album isso está bem patente. Por outro lado há que considerar que Morrissey funcionou como porta voz de uma juventude britânica á altura cheia de problemas e sem grandes perspectivas de futuro as suas palavras funcionavam como a voz dessa juventude oprimida e tantas vezes esquecida pelo Poder e pela sociedade, por esta razão os Smiths são considerados a banda que melhor se adaptou a realidade politico-social da Grã-Bertanha dos anos 80 , uma outra razão do seu elevado sucesso em tão pouco tempo é como não podia deixar de ser… a musica! os magnificos arranjos de Andy Rourke, Mike Joyce e principalmente Johnny Marr, aquele estilo de musica rock fácil, sem solos de guitarra, simples, como que entre o rockabilly e o folk, alternativo, magnifico!
"The Queen is Dead" surgiu num contexto dificil: probelmas sociais, o desemprego, manifestações a descrença em relação ao futuro, o fim do Estado Providência, Margaret Thatcher, uma sociedade em profunda mutação. O álbum serviu como resposta ao poder politico de então: contra a Monarquia Britânica na faixa de abertura “The Queen is Dead”, em que Morrissey critica o alheamento da Familia Real em relação aos probelmas da sociedade inglesa em especial da juventude. Contra Thatcher com “Bigmouth Strikes Again” que deu polémica devido aos versos “Sweetness, Sweetness I was only joking / When I said I’d like / Smash every tooth in your head.” O álbum é constituido por letras depressivas, bem patentes nas faixas “I know It’s Over” sobre o sofrimento relacionado com o fim de uma relação, “There is Light That Never Goes Out”, sobre a solidão e a falta de prespectivas no futuro, mas Morrissey lá ia dizendo que havia uma luz que nunca se apagava, “The Boy With The Thorn in His Side” a mais pop de todo o album relata a descrença em relação aos nossos sentimentos e aos sentimentos dos outros, “Never Had No One Ever” esta ultima sobre o celibato assumido de Morrissey que tanta polémica deu. Tinha também o outro lado, o humor, a ironia e o sarcasmo ao estilo de Morrisey nas faixas “ Vicar in a Tutu”, com a Igreja como alvo, “Frankly, Mr. Shankly” sobre situações de inadaptação, ”Cemetery Gates”, como resposta a critica que tanto massacrava Morrissey e “Some Girls are bigger than others” alvo de diversas interpretações. Chegamos a conclusão que este álbum é uma mistura dos mais variados sentimentos.
Depois de “The Queen is Dead” acentuava-se a guerra pessoal entre Morrissey e Marr que levou ao fim da banda em 1987 (e também ao fim da vida dos muitos fans que não aceitando bem o fim da banda se suicidaram).
E podendo a minha opinião valer pouco fica a nota que este álbum foi considerado pela “Spin Magazine” o melhor álbum de sempre.
Actualmente aquele que bem recentemente foi considerado o 2º melhor britânico vivo segue com a sua bem sucedida carreira a solo e tem “saidas” bem ao seu estilo do genero (e passo a citar): “Prefiro comer os meus testiculos a reunir novamente os Smiths”.
The Smiths is dead…


Some Girls Are Bigger Than Others - The Smiths

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Richard Wright (1943-2008)


The end...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Oxigene (1976) - Jean Michel Jarre

“Filho de peixe sabe nadar”, este ditado encaixa que nem uma luva ao francês Jean Michel Jarre, que seguindo as pisadas do pai (o compositor Maurice Jarre) desde cedo enveredou pela carreira musical.
O álbum desta semana é o terceiro da carreira deste artista francês “Oxygene” é na opinião de muitos dos entendidos e fãs, o melhor da longa carreira de Jarre
Este disco foi editado primeiramente em França no ano de 1976 e devido ao estrondoso sucesso que obteve, cedo se concluiu que não podia ficar por ai, sendo posteriormente editado em todo o mundo, no ano de 1977.
Falando do álbum em si, é um álbum instrumental, inovador, futurista, diferente do que até então se tinha ousado fazer um daqueles álbuns que marcou uma época e que eu considero na minha modesta opinião uma obra prima. Dividido em seis faixas: Oxygene I a VI, tocado só com instrumentos electrónicos, destaco principalmente as faixas “Oxygene II” utilizado inúmeras vezes para anúncios de Televisão, e a “Oxygene IV", um hino “new age”, referenciando o ambiente como tema central deste álbum, e cujo videoclip nos transporta para as paisagens inóspitas da Antárctica. Este álbum faz parecer uma banda sonora, a imagem de marca de Jarre foi sempre a criação de ambientes. Um álbum calmo que flui, ideal para relaxar e que se considera marcante e inovador não só pela musica propriamente dita “new age” mas também pela abordagem que o futurista Jean Michel Jarre faz neste álbum a um tema delicado que até então nunca fora abordado: o ambiente. A capa também ela merecedora de destaque considerada uma das mais bem conseguidas capas da história da musica moderna, representa o Planeta Terra a desfazer-se com um crânio humano no interior.
O álbum atingiu o 2º lugar No top Britânico e o 78º nos EUA, Portugal foi desde o inicio reconhecedor do potencial e da qualidade desta obra e do talento de Jean Michel Jarre tendo sido o pais logo a seguir a França onde o album mais cedo atingiu vendas consideráveis.
Numa altura em que a musica electrónica dava os primeiros passos e era apenas uma miragem do que hoje é, e que apenas os alemães Kraftwerk conjuntamente com Jean Michel Jarre se aventuravam nestas lides, este album teve o condão de inspirar músicos a aventurarem-se neste campo tão desconhecido até então, deu alento, motivou e revolucionou a musica electrónica e mesmo a musica isto numa altura em que o Glam-Rock estava no auge e o Punk começava a dar os primeiros passos, valeu a Jarre vários galardões como o "Grand Prix Du Disques" da Charles Cross Academy, e a revista americana "People" considerou em consequência de “Oxygene”, Jean Michel Jarre uma das personalidades do ano, para já não falar no facto do álbum ter colocado Jean Michel Jarre no “mapa” da cena mundial da musica e passados mais de 30 anos da sua edição ser considerado um dos percursores musica electrónica (juntamente com os Kraftwerk) e o pai das “rave parties”, festas estas que celebrizaram Jarre um pouco por todo o mundo e que por quatro vezes inscreveram Jean Michel Jarre no Livro de Recordes do Guiness.
Jean Michel Jarre passou este ano por Portugal (pela primeira vez) para dois concertos nos coliseus de Lisboa e do Porto, para tocar na integra o álbum "Oxygene"(por ocasião do 30º aniversario da sua edição), e prometeu voltar em breve para um concerto ao ar livre… Os fãs portugueses aguardam, será sempre bem vindo!
"Oxygene" é intemporal e pela temática que aborda, passados 30 anos nunca fez tanto sentido escutá-lo…


Oxygene IV - Jean Michel Jarre