segunda-feira, 29 de setembro de 2008

In the Court of the Crimson King (1969) - King Crimson

Como primeiro álbum de uma banda que desde inicio soube ser diferente, “In the Court of the Crimson King” é um álbum obrigatório na discografia dos apreciadores de Rock Progressivo, e não só…
Considerado de conceptual, numa altura em que o Rock Progressivo começava a impor-se, muito por culpa de bandas como os Genesis ou os Pink Floyd, mestres de então na produção de trabalhos musicais ditos conceptuais, em que a arte cénica e o recurso a efeitos especiais era uma constante tanto nos álbuns como nos espectáculos ao vivo, recuso-me contudo a considerar que nada mais havia para além destes dois gigantes do Rock Progressivo e este álbum demonstra precisamente que os King Crimson são uma banda fulcral deste movimento musical.
O álbum começa com a faixa “21st Century Schizoid Man” uma faixa a “rasgar” em que Robet Fripp & companhia demonstram uma sintonia perfeita, e uma forma muito inteligente de fazer heavy metal (isto em 1969!), segue-se uma musica que considero especial “I talk to the wind” de uma beleza excepcional, de uma sonoridade completamente diferente da faixa anterior em que o flautista Ian McDonald brilha com solos excepcionais criando ambientes que nos transportam a paragens bucolicas. Em “Epitaph”, é a vez do baterista Michael Giles brilhar numa musica também ela excepcional. Segue-se “Moonchild”, a mais experimental do álbum com cerca de 12:13, os King Crimson puseram neste álbum vários estilos, "In the Court of the Crimson King" é considerado uma autêntica confusão de sons, estilos e correntes musicais, a componente experimentalista da banda não ficou de lado, esta faixa começa com uma especie de balada guiada por mellotron e acaba com uma total balburdia de sons, puro experimentalismo caracteristico dos King Crimson. O álbum termina em grande com mais uma grande faixa: “In the Court of the Crimson King”, a faixa que dá titulo ao album onde a banda demonstra mais uma vez a sintonia entre musicos de grande qualidade e em que Fripp assume o comando, uma faixa ao estilo da primeira, um rock pesado, o álbum termina como começa… bem, com sonoridades pouco experimentadas áquele tempo, pelo meio três faixas mais calminhas em que se viaja de estilo em estilo, sempre com enorme qualidade.
Este trabalho, dos álbuns de estreia mais bem conseguidos de sempre, veio obviamente colocar os King Crimson na cena mundial, não se trata de uma banda de rótulos e os trabalhos seguintes vieram a provar isso mesmo, a banda nunca destuou, apesar da qualidade dos seguintes trabalhos não chegar a qualidade de "In the Court of the Crimson King" (a meu ver), houve sempre muita versatilidade e mistura de estilos em cada trabalho considerando mesmo Robert Fripp que os King Crimson eram uma forma de fazer coisas na musica, muito também por culpa da constante entrada e saida de mebros da banda, não seguindo um estilo propriamente firmado, a banda é catalogada (se é que se pode falar em catalogar os King Crimson) de progressiva e não só: jazz, musica erudita, heavy-metal, folk-rock, musica psicadelica e a lista de generos e sub-generos poderia continuar por ai fora…
De destacar também neste álbum a capa feita por um amigo de Peter Sinfeld , Barry Godber que faleceu de ataque-cardiaco pouco tempo depois da realização do álbum. A capa representa uma expressão humana de sofrimento e pânico, a meu ver, considero exemplarmente bem escolhido para capa deste trabalho, a pintura é excelente ainda para mais considerando que não foi feita por um pintor e que foi a primeira pintura e única de Barry Godber, fica para a história…
Versátil, experimental, arrojado, "In the Court of the Crimson King" é um dos grandes álbuns de Rock Progressivo, considerado a par de trabalhos como "The Dark Side of the Moon" dos Pink Floyd ou "The Lamb Lies Down on Brodway" dos Genesis dos melhores do género, um daqueles que marcou a sua época representa bem aquilo que foi a musica na transição dos anos 60-70, independente do estilo, dos habituais rótulos que aqui não fazem o menor sentido e das divagações de Fripp & companhia, musica assim com qualidade sabe sempre bem ouvir…

Epitaph - King Crimson

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

The Queen is Dead (1986) - The Smiths

Há bandas que foram bandas, criaram musica, e ficaram para a história pelo trabalho musical que fizeram, no entanto há outras bandas que foram muito mais que uma simples banda, os Smiths foram de facto muito mais do que um grupo de musicos que fazia boa musica, foram uma instituição, um sindicato, um partido politico e porque não dizer mesmo uma religião. Oriundos de Manchester tal como bandas como os Echo and The Bunnymen, Druitti Column ou os Joy Division que conseguiram transmitir como ninguém a realidade urbano-depressiva daquela cidade, os Smiths foram mais longe ainda, passaram as barreiras de Manchester, tornando-se um fenómeno nacional.
O 4º álbum dos Smiths, “The Queen is Dead” é para muitos considerado a obra prima da banda que mais marcou a musica britânica dos anos 80. “The Queen is Dead” surgiu depois de “Meat is Murder”, altura em que os Smiths estavam no auge e que eram seguidos por multidões de jovens fans que idolatravam a banda, mas o que fazia desta banda tão especial, sendo uma banda que praticava uma musica dita alternativa, numa altura em que o synth-pop se encontrava no auge, eram oriundos de uma cidade onde nunca nada acontecia e gravavam numa editora independente? É dificil falar dos Smiths, mas eu gostaria de considerar em primeiro lugar a capacidade lirica de Morrissey, com suas letras melancolicas, sensiveis e depressivas (como que se de excertos do seu diario se tratasse) por um lado e por outro provocantes e ameaçadoras enfrantando varias instituições, Morrissey tinha uma mensagem (ou várias), e neste album isso está bem patente. Por outro lado há que considerar que Morrissey funcionou como porta voz de uma juventude britânica á altura cheia de problemas e sem grandes perspectivas de futuro as suas palavras funcionavam como a voz dessa juventude oprimida e tantas vezes esquecida pelo Poder e pela sociedade, por esta razão os Smiths são considerados a banda que melhor se adaptou a realidade politico-social da Grã-Bertanha dos anos 80 , uma outra razão do seu elevado sucesso em tão pouco tempo é como não podia deixar de ser… a musica! os magnificos arranjos de Andy Rourke, Mike Joyce e principalmente Johnny Marr, aquele estilo de musica rock fácil, sem solos de guitarra, simples, como que entre o rockabilly e o folk, alternativo, magnifico!
"The Queen is Dead" surgiu num contexto dificil: probelmas sociais, o desemprego, manifestações a descrença em relação ao futuro, o fim do Estado Providência, Margaret Thatcher, uma sociedade em profunda mutação. O álbum serviu como resposta ao poder politico de então: contra a Monarquia Britânica na faixa de abertura “The Queen is Dead”, em que Morrissey critica o alheamento da Familia Real em relação aos probelmas da sociedade inglesa em especial da juventude. Contra Thatcher com “Bigmouth Strikes Again” que deu polémica devido aos versos “Sweetness, Sweetness I was only joking / When I said I’d like / Smash every tooth in your head.” O álbum é constituido por letras depressivas, bem patentes nas faixas “I know It’s Over” sobre o sofrimento relacionado com o fim de uma relação, “There is Light That Never Goes Out”, sobre a solidão e a falta de prespectivas no futuro, mas Morrissey lá ia dizendo que havia uma luz que nunca se apagava, “The Boy With The Thorn in His Side” a mais pop de todo o album relata a descrença em relação aos nossos sentimentos e aos sentimentos dos outros, “Never Had No One Ever” esta ultima sobre o celibato assumido de Morrissey que tanta polémica deu. Tinha também o outro lado, o humor, a ironia e o sarcasmo ao estilo de Morrisey nas faixas “ Vicar in a Tutu”, com a Igreja como alvo, “Frankly, Mr. Shankly” sobre situações de inadaptação, ”Cemetery Gates”, como resposta a critica que tanto massacrava Morrissey e “Some Girls are bigger than others” alvo de diversas interpretações. Chegamos a conclusão que este álbum é uma mistura dos mais variados sentimentos.
Depois de “The Queen is Dead” acentuava-se a guerra pessoal entre Morrissey e Marr que levou ao fim da banda em 1987 (e também ao fim da vida dos muitos fans que não aceitando bem o fim da banda se suicidaram).
E podendo a minha opinião valer pouco fica a nota que este álbum foi considerado pela “Spin Magazine” o melhor álbum de sempre.
Actualmente aquele que bem recentemente foi considerado o 2º melhor britânico vivo segue com a sua bem sucedida carreira a solo e tem “saidas” bem ao seu estilo do genero (e passo a citar): “Prefiro comer os meus testiculos a reunir novamente os Smiths”.
The Smiths is dead…


Some Girls Are Bigger Than Others - The Smiths

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Richard Wright (1943-2008)


The end...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Oxigene (1976) - Jean Michel Jarre

“Filho de peixe sabe nadar”, este ditado encaixa que nem uma luva ao francês Jean Michel Jarre, que seguindo as pisadas do pai (o compositor Maurice Jarre) desde cedo enveredou pela carreira musical.
O álbum desta semana é o terceiro da carreira deste artista francês “Oxygene” é na opinião de muitos dos entendidos e fãs, o melhor da longa carreira de Jarre
Este disco foi editado primeiramente em França no ano de 1976 e devido ao estrondoso sucesso que obteve, cedo se concluiu que não podia ficar por ai, sendo posteriormente editado em todo o mundo, no ano de 1977.
Falando do álbum em si, é um álbum instrumental, inovador, futurista, diferente do que até então se tinha ousado fazer um daqueles álbuns que marcou uma época e que eu considero na minha modesta opinião uma obra prima. Dividido em seis faixas: Oxygene I a VI, tocado só com instrumentos electrónicos, destaco principalmente as faixas “Oxygene II” utilizado inúmeras vezes para anúncios de Televisão, e a “Oxygene IV", um hino “new age”, referenciando o ambiente como tema central deste álbum, e cujo videoclip nos transporta para as paisagens inóspitas da Antárctica. Este álbum faz parecer uma banda sonora, a imagem de marca de Jarre foi sempre a criação de ambientes. Um álbum calmo que flui, ideal para relaxar e que se considera marcante e inovador não só pela musica propriamente dita “new age” mas também pela abordagem que o futurista Jean Michel Jarre faz neste álbum a um tema delicado que até então nunca fora abordado: o ambiente. A capa também ela merecedora de destaque considerada uma das mais bem conseguidas capas da história da musica moderna, representa o Planeta Terra a desfazer-se com um crânio humano no interior.
O álbum atingiu o 2º lugar No top Britânico e o 78º nos EUA, Portugal foi desde o inicio reconhecedor do potencial e da qualidade desta obra e do talento de Jean Michel Jarre tendo sido o pais logo a seguir a França onde o album mais cedo atingiu vendas consideráveis.
Numa altura em que a musica electrónica dava os primeiros passos e era apenas uma miragem do que hoje é, e que apenas os alemães Kraftwerk conjuntamente com Jean Michel Jarre se aventuravam nestas lides, este album teve o condão de inspirar músicos a aventurarem-se neste campo tão desconhecido até então, deu alento, motivou e revolucionou a musica electrónica e mesmo a musica isto numa altura em que o Glam-Rock estava no auge e o Punk começava a dar os primeiros passos, valeu a Jarre vários galardões como o "Grand Prix Du Disques" da Charles Cross Academy, e a revista americana "People" considerou em consequência de “Oxygene”, Jean Michel Jarre uma das personalidades do ano, para já não falar no facto do álbum ter colocado Jean Michel Jarre no “mapa” da cena mundial da musica e passados mais de 30 anos da sua edição ser considerado um dos percursores musica electrónica (juntamente com os Kraftwerk) e o pai das “rave parties”, festas estas que celebrizaram Jarre um pouco por todo o mundo e que por quatro vezes inscreveram Jean Michel Jarre no Livro de Recordes do Guiness.
Jean Michel Jarre passou este ano por Portugal (pela primeira vez) para dois concertos nos coliseus de Lisboa e do Porto, para tocar na integra o álbum "Oxygene"(por ocasião do 30º aniversario da sua edição), e prometeu voltar em breve para um concerto ao ar livre… Os fãs portugueses aguardam, será sempre bem vindo!
"Oxygene" é intemporal e pela temática que aborda, passados 30 anos nunca fez tanto sentido escutá-lo…


Oxygene IV - Jean Michel Jarre

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Brothers in Arms (1985) - Dire Straits

Dificil decisão… escolher um álbum no meio de um infinito interminavel de boa musica para começar o blog, ser o primeiro. O álbum em causa é “Brothers in Arms”, e ao escolhe-lo para iniciar este espaço não o fiz de animo leve.
É na minha opinião um marco na musica rock anglo-saxonica, vendeu mais de 29 milhões de copias, um feito para uma banda habituada ao exito desde o inicio da carreira, muito por força de musicas como “Sultans of Swing” de 1978 ou “Romeo and Juliet” de 1980, e também devido ao movimento new wave que substituiu no final dos anos 70 inicio dos 80 o punk já demasiado gasto, enfadonho e repetitivo, os Dire Straits foram desde cedo um dos rostos do new wave com infuências country, estavam contudo ainda um pouco longe dos “grandes estádios” das luzes da ribalta da cena rock mundial áquele tempo.
“Brother s in Arms” teve esse condão, transportou os Dire Straits para o topo, foi naquele ano (1985) o album que mais vendeu no Reino Unido, foi especial, totalmente inovador, foi dos primeiros álbuns a ser totalmente produzido e gravado no então novo formato: o CD.Sucesso atrás de sucesso, os Dire Straits não tiveram medo de arriscar, e assim chegaram ao topo, foi o album que catapultou os Dire Straits para os grandes palcos como o Live Aid ou Wembley Arena (várias vezes esgotado em consequência da tour desse ano), e que fez com que os Dire Straits fossem a banda rock que mais álbuns vendeu em meados dos anos 80, mudou completamente a imagem da banda e o seu status. Desculpem, mas mas se há álbum que merece as honras para iniciar este blog este é um deles.

O álbum é composto por 9 faixas (e chega) e ilustram bem a qualidade de uma banda de estilo próprio (rock, new wave, country o que quiserem…) e acima de tudo a capacidade de composição do “frontman” Mark Knopfler.
A começar, “So Far Away”, bastante recorrente passados mais de 20 anos nos “oceanos pacificos e hoteis california” das nossas radios, devo dizer que é uma das minhas preferidas do grupo transmitindo uma tristeza subtil e romântica ao mesmo tempo que nos leva a sonhar ainda com o amor e com o que dele está para vir, seguindo-se “Money for Nothing” que dispensa apresentações e cujo videoclip foi o primeiro da história a ser totalmente concebido via informatica sendo também o primeiro videoclip a passar na MTV britânica e o mais exibido pela MTV americana, segue-se o animado “Walk of Life” que ainda hoje faz as delicias de todos nós, uma faixa com evidentes infuências na musica country americana sempre presente desde o inicio da banda o que demonstra uma vez mais a versatilidade do grupo, o videoclip é uma especie de apanhados do desporto americano, as referências a cultura americana são evidentes neste álbum, talvez essa também uma das razões quue fez este álbum ser também um sucesso no outro lado do Atlântico, em “Your Lastest Trick” é por todos nós recordado devido ao fenomenal solo de saxofone que fez com que esta balada se tornasse inesquecivel, a belissima balada “Why Worry”, um hino á amizade para muitos considerada a melhor balada dos Dire Straits. “Ride Across the River”, “One World” e “The Man’s Too Strong” foram muicas com menos impacto mas também nelas é de notar o lado versátil e a capacidade de fazer boa musica dos Dire Straits, a terminar a eterna balada que da nome ao álbum: “Brothers in Arms”, um hino anti-guerra inesquecivel e mais um video-clip de sucesso a terminar em grande este album que não me canso de ouvir de seguida, é daqueles (poucos) que da gosto ouvir do inicio ao fim, faixa-a-faixa, êxito a êxito e que é indispensavel na discografia dos bons apreciadores de boa musica.
O 4º álbum mais vendido de todos os tempos na Grã bertanha. Fica aqui minha homenagem a Mark Knopfler que ainda este ano nos presenteou com um concerto num Campo Pequeno completamente lotado, merece ser lembrado, indispensável…


So Far Away - Dire Straits

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Destina-se este blog a disponibilizar de um modo simples e com uma periodicidade mais ou menos constante comentários a discos que na minha opinião, de um simples apreciador de musica marcaram e continuam a marcar a minha forma de entender e apreciar esta arte. "Discos de Bolso" está ao dispor de todos os que queiram partilhar ideias sobre a musica e sobre as obras nele apreciadas... porque:
"A música é a revelação superior a toda sabedoria e filosofia." - Beethoven.