segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Made in Heaven (1995) - Queen

Faz hoje precisamente 17 anos que a musica perdia um dos seus maiores simbolos, Freddie Mercury morreu a 24 de Novembro de 1991, vitimado por uma pneumonia, isto um dia depois de ter anunciado ao mundo que padecia de SIDA. O disco desta semana como não podia deixar de ser, é dos Queen… “Made in Heaven”.
Os Queen foram das primeiras bandas que me habituei a ouvir, a sua sonoridade e patrimonio musical faz parte do imaginario de todos nós, foram a banda que mais popularidade atingiu nos anos 80 do Século passado e um pouco por todo o mundo toda a gente sabia quem eles eram, eram a banda referencia, e apesar das criticas que os tentavam deitar abaixo acusando-os de só pensarem em dinheiro e de serem a banda mais comercial que alguma vez existiu, o que é certo é que os seus trabalhos falavam por si e mantinham-se sempre acima das criticas com vendas sempre superiores a largos milhões de copias nos quatro cantos do mundo, álbuns que não só vendiam como tinham uma grande qualidade, uma verdadeira “banda sem fronteiras” e se nos dermos ao trabalho de parar para pensar, são varias as musicas dos Queen que ficam, e que numa ocasião ou outra das nossas vidas nos marcaram e quase que dá para fazer a “banda sonora das nossas vidas” só com musicas dos Queen…
O 15º album de estudio dos Queen, é “Made in Heaven” de 1995, um álbum postumo de Freddie Mercury, uma sincera homenagem dos restantes membros da banda e a meu ver uma fiel demosntração daquilo que iriam ser os Queen nos anos 90. Posterior a “Innuendo” de 1991, um álbum muito bem conseguido com uma sonoridade mais fiel ao que se fazia ouvir já nos anos 90 a revelar uma perfeita adaptação da banda a nova Decada (aliás como sempre sucedeu ao longo de toda a carreira), “Made in Heaven” vem confirmar essa tendencia e mais, é um álbum diferente de todos os outros… É uma homenagem, nele esta sempre bem presente a saudade, a tristeza e a melancolia de May, Taylor e Deacon, mas acima de tudo de Mercury…
Feito com vocais já gravados anteriormente por Freddie Mercury em todo o álbum esta presente uma sonoridade celestial a condizer com o titulo do trabalho com sintetinzadores que tão bom ambiente de fundo deram ao álbum veja-se a titulo de exemplo a faixa inicial “It’s a Beatuiful Day”. A faixa “Made in Heaven”(linda) e “I was Born to Love You”(contagiante) já haviam sido lançadas como trabalhos a solo de Mercury no seu álbum a solo “Mr.Bad Guy” de 1984 (com uma sonoridade muito pop), aqui nota-se os excelentes arranjos rock a boa maneira dos Queen. Em “Let me Live” acompanhada de coros goospel, Freddie Mercury faz como que um apelo, uma musica bonita mas comovente, “Mother Love” a ultima musica gravada pelos Queen, uma faixa melancolica e reflexiva, “My Life Has Been saved” foi primeiramente laçada como lado-b no single “Scandal” do álbum “The Miracle” de 1989, também ela uma musica agradavel na linha de “Mother Love”. Em ”Heaven For Everyone” e “You Don´t Fool Me” quero destacar o que já referi, ou seja, estas musicas representam bem aquilo que seria a evolução da banda nos anos 90, muita da critica afirmava que a banda nada tinha a oferecer nos anos 90 e que iriam cair em declinio, estas duas musicas motram precisamente o contrario, “Heaven for Everyone” é mesmo uma das musicas mais conhecidas da banda, é para muitos considerada a melhor faixa do álbum e foi utilizada em diversos spots publicitarios (quem não conhece?). “You Don’t Fool Me” mais 90’s que isto é impossivel, com um excelente videoclip a condizer!
“Too Much Love Will Kill You” a power ballad com que Brian May havia feito sucesso em todo o mundo anos antes, era agora editada com a exuberante voz de Mercury, um empenho fantástico de alguem que nunca desistiu e que tratou sempre a musica com a maior dignidadee empenho não obstante a sua condição de saude, esta faixa é prova disso. “A Winters Tale” é na minha opinião a melhor faixa do álbum não só pelo que representa pois foi a ultima faixa cantada por Mercury, uma verdadeira despedida… Há ainda o reprise de “It’s a Beatiful Day” e ainda as faixas “secretas”: “Yeah” de 4 segundos em que se houve Freddie a gritar “Yeah!” e a faixa de mais de 20 minutos em que nunca foi revelado o nome mas os fans acreditam que se chame “Mystique” em que quase nada se ouve, apenas alguns sons de fundo como se de um fantasma se tratasse e que se crê que simbolize a passagem de Freddie Mercury para o paraiso.
Gosto de todo o trabalho dos Queen, todo ele é muito bom, este é especial, por ser uma homenagem a Mercury e por lhe ser dedicado, é o album responsável por fazer com que as novas gerações gostassem de Queen um álbum que fez a “ponte” com as novas gerações, e por ser o álbum do adeus de uma das melhores bandas de sempre. Vendeu até hoje mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo e atingiu (como qualquer álbum dos Queen) o numero 1 em dezenas de paises…
Esta apresentação é uma homenagem a Freddie Mercury, a musica muito lhe deve, e a 17 anos atrás esta ficou irremediavelmente muito mais pobre…


Too Much Love Will Kill You - Queen

Freddie Mercury (1946 - 1991)

"Não serei famoso, serei uma lenda."

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ágætis Byrjun (1999) - Sigur Rós

Um bom começo… Esta é a tradução á letra do titulo do álbum esta semana apresentado dos Islandeses Sigur Rós, contudo, este não foi o começo da banda, não foi o seu primeiro trabalho pois já haviam editado dois trabalhos: “Von” de 1997 e “Von Brigói” de 1998. Diferente dos anteriores, (para melhor) este álbum marcou a carreira dos Sigur Rós e não só, revolucionou mesmo a musica Islandesa cujo maior produto de exportação era Bjork que com este trabalho deixou de ser a única figura de proa da musica deste pais tão distante de tudo e com uma cultura tão rica…
Catalogada como uma banda de post-rock, utilizando nas suas composições uma mistura de jazz, rock, musica electrónica, influências bem presentes neste trabalho, composto por 10 faixas, uma sonoridade alternativa e diferente, altamente melódica os destaques vão para todas as musicas como não poderia deixar de ser. “Intro” abre o álbum e é a faixa mais curta deste trabalho, “Ágætis Byrjun” tema titulo do álbum e primeiro single, uma faixa em que é fácil constatar a sonoridade marcadamente melódica, em “Svefn-g-englar” é impressionante a capacidade vocal do vocalista Jón Þór Birgissonambas as faixas fazem parte da banda sonora do filme Vanilla Sky. A intimistaStaralfur”, (gosto especialmente desta faixa) sobressai e é bastante envolvente…“Flugufesarin” uma faixa arrebatadora, “ Batterí” em que vem ao de cima o lado experimentalista da banda, com um inicio onde reina a confusão com instrumentos de sopro e em que há uma evolução na musica para mais um momento alto em que sobressai a voz de Jón Þór Birgisson. “Hjartað Hamast (Bamm Bamm Bamm)” em que está bem patente a bem sucedida mistura entre o clássico e a musica electrónica, com influência directa do jazz como que uma faixa em que o tempo se cruza, provocando as mais inesperadas sonoridades seguida por “Vidrar vel til loftarasa” a mais longa composição do álbum. “Olsen Olsen”, considerado um hino, a melhor musica do álbum para muita da critica construida a partir de guitarra e em que sonoridades mais clássicas nesta faixa têem uma presença imponente e arrebatadora. Destaco também a vertente sombria da banda em “Avalon” a fechar o álbum.
Este álbum tem tanto de estranho e como de comum, a medida que as musicas vão passando, todo ele se torna familiar, um tipo de musica ambiente, de fácil audição e que transmite inevitavelmente um sentimento de relaxamento, paz e abstracção… clássico e contemporâneo ao mesmo tempo sonoridades com identidade, sentimento e alma e muito mais que simples musica, vamos estranhando de inicio mas a pouco e pouco a musica acaba por nos envolver, um trabalho daqueles que é dificil encontrar hoje em dia e que apesar de estranho, inóspito e longinquo tem la tudo e que se houve do inicio ao fim de uma vez só e que da vontade de repetir quando termina… O isolamento insular da fria Islândia foi neste trabalho materializado como nunca por estes “quatro magníficos” vindos do norte, que no passado dia 11 deram um concerto no Campo Pequeno e deram provas de já terem conquistado o público português. “Ágætis Byrjun” é um álbum com sonoridades próprias de uma cultura fechada como é a islandesa mas ao mesmo tempo rica e arrebatadora reconhecido em todo o mundo como um álbum de enorme qualidade e que revolucionou como foi dito atrás a própria musica Islandesa ao ser considerado o melhor álbum Islandês do Século XX.
Uma obra para escutar com atenção naquelas tardes frias e chuvosas de Inverno que se avizinham, e para viajar através dele…
Ágætis Byrjun” da Islândia com amor…


Olsen - olsen - Sigur ros

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Graceland (1986) - Paul Simon

O sucesso já não era estranho para Paul Simon, com Art Garfunkel fez a dupla de maior sucesso da musica pop Americana nos anos 60, álbuns como “Sounds of Silence” de 1966 ou “Bridge Over Troubled Water” de 1970, tornaram-se obrigatórios e uma referência na musica moderna americana. A solo a carreira de Paul Simon foi também ela brindada com inumeros trabalhos bem sucedidos que atingiram boas vendas, exemplo disso é “Paul Simon” de 1972 “There Goes Rhymin’ Simon” de 1973. Houve contudo um declive na venda dos trabalhos de Paul Simon e se no inicio da sua carreira a solo, os seus trabalhos como ficou atrás referido vendiam bem houve posteriormente álbuns menos conseguidos a nivel comercial falo nomeadamente de “One Trick Pony” de 1980 e o álbum seguinte “Hearts and Bones” de 1983.
A carreira de Paul Simon estava a precisar de um novo folego e depois de algum tempo sem gravar, surge este “Graceland” como resposta de Simon a crise que começava a tomar conta da sua carreira. Na verdade, entre 1983 e 1986 Paul Simon não apresentou nenhum trabalho, como se se tivesse afastado das lides musicais, isso não foi contudo verdade, pois nesse periodo (3 anos!) Paul Simon esteve envolvido na produção de “Graceland”.
Já em 1974 Paul Simon havia realizado uma tournée, com cantores de musica gospel e musicos peruanos, demonstrando claramente o seu gosto pela World Music, “Graceland” vem confirmar esse gosto de Paul Simon pela musica etnica, indo buscar a Africa e as suas raizes os artistas e as sonoridades que o acaompanham neste trabalho, numa altura dificil em pleno apartheid na Africa do Sul.
Em suma, este álbum resume-se a duas palavras, a duas culturas: America e Africa, Paul Simon faz de uma forma soberba, as letras encaixam bem numa sonoridade viva, exotica e plena de musica tradicional Africana como que uma forma perfeita de pintar este “quadro” onde tão bem se entrelaçam e complementam duas culturas tão diferentes e ao mesmo tempo tão proximas, afinal é essa a mensagem de Simon em "Graceland": ultrapassar barreiras, unir culturas através da musica. Os ritmos africanos estão bem patentes em todo o álbum as faixas “The Boy in The Bubble”, “Graceland” e” I Know What I Know” são uma mistura de sons e ritmos de uma forma alucinante e exeplarmente executados, e impossivel não ter vontade de dançar ao som de ritmos tão contagiantes, com estas três faixas, “Graceland” tem um inicio no minimo arrebatador “Gumboots”, a quarta faixa do álbum Simon dá uma lição de crença e como não podia deixar de ser os ritmos envolventes continuam. Em “Diamonds on the Soles of Her Shoes” Simon faz uma indirecta critica ao apartheid confrontando as diferente sorte de diferentes crianças que nasceram em meios diferentes. A faixa seguinte é talvez a mais coinhecida do álbum, “You Can Call Me Al” um ritmo que fica inevitavelmente no ouvido a musica relata uma crise de identidade de um homem que resolve fazer uma viajem pelo 3º mundo. “Under African Skies” magnificos arranjos de guitarra e um magnifico dueto com Linda Ronstadt. “Homeless” cantado exclusivamente por um coro masculino, pura world music africana, na faixa seguinte “Crazy Love Vol II” facil de ouvir e muito envolvente, de seguida “That Was Your Mother” os ritmos africanos ficam um pouco de lado dando lugar a musica puramente americana, musica claramente influenciada pelo jazz. O álbum termina com “All Around The World Or The Myth Of The Fingerprints” uma tipica musica de fim de álbum e a mostrar que Simon é um excelente “fazedor” de albuns do inicio ao fim.
Musicos Norte-Americanos, Sul Africanos, Senegaleses, Nigerianos, Mexicanos e das mais variadas proveniencias trabalharam neste excelente exemplo de riqueza cultural sob a forma de musica, para muitos considerado o melhor trabalho de World Music alguma vez feito. Com “Graceland”, Paul Simon ganhou o Grammy desse ano referente a álbum do ano e quanto a vendas, chegou a número 1 no Reino Unido e a número 3 nos Estados Unidos. Acima de todos os prémios, vendas e distinções destaco a mesnagem de Paul Simon que nunca sendo um compositor politico demonstra desta forma a riqueza da sua mensagem uma mensagem claramente politica e anti-apartheid: a musica não tem barreiras e não distingue culturas, religiões ou raças… E afinal não é isso que conta?


You Can Call Me Al - Paul Simon

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Soul Mining (1983) - The The

Do projecto pessoal de Matt Johnson, The The o álbum desta semana “Soul Mining” é um álbum pop, mas de uma pop muito especial, daquela que soa bem e que não cansa ao ouvir… ao bom jeito dos anos 80. Com 2 álbuns já realizados, “Spirits” de 1979 e “Burning Blue Soul” de 1981, “Soul Mining” é contudo ainda hoje apontado como a grande estreia de Matt Johnson, devido ao fraco impacto dos trabalhos anteriores, “Soul Mining” marcou a diferença, um álbum que como muitos na altura não ficou alheio a realidade de então…
Composto por 8 faixas e de duração total de pouco mais de 40 minutos, “Soul Mining” é por vezes criticado por ser curto (critica que eu não partilho) entendo que os álbuns não são bons pelo numero de musicas e sim pela sua qualidade mas até percebo o sentido da critica, é o sentido do “ja acabou?, quero mais!” e nesse sentido devo dizer que as criticas são perfeitamente legitimas!
A abrir, a faixa “I’ve Been Waiting For Tomorrow (All of My Life)”, com uma batida forte e constante, pura angústia a alta velocidade. Segue-se aquela que foi considerada pela critica uma das melhores musicas da decada e devo confessar ser uma das minhas preferidas “This is the Day” o oposto da anterior e do que na altura se fazia, uma musica alegre com uma sonoridade que fica no ouvido devido ao acordeon e a batida e as palmas constantes no fundo e a voz grave de Matt Johnson. Esta musica fez sucesso em todo o mundo e é impossivel conseguir não nos deixarmos levar e não ouvi-la até ao fim, uma obra de arte! De seguida “The Sinking Feeling” em que Matt Johnson volta a linha da primeira musica com uma letra angustiante e depressiva, mas com uma sonoridade marcadamente psicadelica. “Uncertain Smile” é sem duvida uma das musicas de destque do álbum, uma faixa pop, simples, que fica no ouvido a terminar com um fantastico solo de piano de Jools Holland. “The Twilight Hour" mais uma musica depressiva a letra é sobre uma especie de chamada telefonica que nunca chega. Temos depois a faixa que dá titulo ao album, “Soul Mining”, lenta e igualmente depressiva (para não destoar), que a meu ver soa muito bem sendo uma das melhores do álbum, com grandes arranjos de sintetizador. “Giants” com a sua sonoridade marcadamnente funk. A terminar “Perfect” só acrescentado posteriromente quando o álbum foi lançado nos Estados Unidos, é uma agradavel musica em que se destacam mais uma vez arranjos de acordeon e uma muito boa linha de sintetizadores.
Em suma, o álbum viaja por varios estilos como atras ficou descrito (psicadelismo, synth-pop, funk, new wave) numa altura em que estava em voga contruir musicas a partir de letras cinzentas e depressivas, sem nunca deixar de ter como fundo uma brilhante sonoridade pop que marca o compaço faixa a faixa, as letras essas como já constatei atrás viajam do alegre e bem disposto, ao depressivo constante em quase todas as faixas do álbum.
Ficou feita a revista de uma obra que para muitos é considada de perfeita, um disco obrigatorio quando se faz uma retrospectiva do que foi a pop nos anos 80, musicas como “This is the Day” ou “Uncertain Smile” fizeram sucesso nas radios e pistas de dança naquele ano e marcaram a decada de 80. Depois dos sucesso comercial com “Soul Mining” Matt Johnson foi mudando de estilo em estilo, tocando com diversos musicos incluindo o guitarrista dos Smiths, Johnny Marr, e até conseguiu algum sucesso posterior a “Soul Mining” nomeadamente com “Mind Bomb” de 1989… mas, para ele concerteza que esse facto de vender ou não, de ter ou não ter sucesso teve pouca relevancia, esteve sempre e de certo mais preocupado em experimentar fazer coisas novas, arrojadas e diferentes na musica do que propriamente em fazer trabalhos rentaveis, o lado comercial ficou sempre para segundo plano , e o sucesso alcançado com este álbum foi de certo inesperado pelo proprio Matt Johnosn.
“Soul Mining” é pop que marcou e que ficará para sempre…