segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Rock In Rio Douro (1992) - GNR

Os GNR foram desde o chamado "boom" do Rock Português uma das principais bandas nacionais na década de 80, muito por culpa de álbuns como “Independança” de 1982, “Os Homens Não Se Querem Bonitos” de 1985 ou “Valsa dos Detectives” de 1989. Os GNR afirmavam-se devido a sua maturidade musical, e pela sua capacidade lírica muito por culpa de Rui Reininho, autor de letras ousadas e dotadas de uma grande inteligência. Ao vivo os GNR terminam a década com 2 espectáculos num Coliseu dos Recreios esgotados, espectáculos que deram origem ao álbum “In Vivo” de 1990.
Com a década de 90 e com a influência de novas sonoridades dar-se ia a ascensão mediática dos GNR, essa ascensão mediática, deu-se muito por culpa do álbum desta semana: “Rock In Rio Douro”. Composto por 10 faixas, muitas delas ainda hoje fazem parte do quotidiano das rádios, passados todos estes anos. A abrir “Sangue Oculto” e porque os GNR gozavam na altura de uma invejável popularidade em Espanha, principalmente na Galiza, há um dueto com Javier Andreu, uma musica que dispensa apresentações um dos hinos dos anos 90, pop-rock de alta qualidade com um espectacular videoclip nas Caves do Douro a condizer. “Quando o Telefone Pecca”, também uma musica pop-rock, bem ao estilo dos GNR com uma letra de Rui Reininho, também muito ao seu estilo, uma faixa que encaixa bem entre 2 grandes musicas, já que de seguida se segue outra musica com participação especial desta vez de Isabel Silvestre em “Pronuncia do Norte”. Um dueto brilhante em que se conjugam na perfeição a voz desta cantora com a voz de Rui Reininho, uma canção calma, mas com uma intensidade lírica profunda, sem duvida uma das melhores musicas do álbum e dos GNR. “Acorda” com sonoridades mais rock, também ela muito boa, seguindo-se “Ana Lee”, também um grande sucesso de radio, uma musica pop com uma letra caricata mas muito interessante e inteligente. “Sub-16”, uma das minhas preferidas, uma faixa que retrata a adolescência, sem duvida uma musica que marcou uma geração e que ainda hoje é recordada como uma grande musica dos GNR e dos anos 90. Menos conhecidas do publico, mas faixas que se integram muito bem no álbum está a excelente balada “Que Importa”. Uma versão de “All Right Now” dos Free, banda de Paul Rogers em “Homem Mau”, e “Toxicidade”, uma letra inteligente de critica a sociedade. O álbum termina com “Sangue Oculto” na versão portuguesa.
Este álbum é de facto o álbum que marca uma época, sucesso atrás de sucesso nas primeiras semanas consegue atingir a platina e vender mais de 150 mil cópias algo de muito difícil para um álbum nacional, no total o álbum atingiu as quatro platinas. As musicas tomaram de assalto as rádios nacionais e os GNR passavam a apresentar-se ao vivo em concertos um pouco por todo o pais com muito mais importância do que o haviam conseguido na década anterior. Foi em consequência deste magnifico trabalho que os GNR no auge da sua popularidade conseguem fazer o que mais ninguém na musica portuguesa conseguiu: Encher o Estádio de Alvalade e o Estádio das Antas, para dois concertos que foram sem duvida símbolo de uma época, como que a dar as boas vindas a nova década. os GNR, esses provavam que estavam ai para durar e no topo, brindado a chegada a década de 90 com este magnifico álbum, que ainda hoje é ouvido do inicio ao fim, e os seus sucessos passados nas rádios várias vezes ao dia…
“Rock In Rio Douro”, pop-rock português de alta qualidade num álbum que é referência máxima da musica portuguesa da década de 90.


Sangue Oculto - GNR

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A Secret Wish (1985) - Propaganda

Os alemães Propaganda desde cedo mostraram uma vontade de inovação dentro do que na altura se fazia ouvir: a synth-pop. Ao escutarmos “A Secret Wish”, o álbum desta semana, mergulhamos na poderosa acutilância musical dos anos 80, sintetizadores, baterias electrónicas, tudo envolvido numa estética muito própria e caracerística daquela época e que a uma primeira audição pouco se distingue de bandas da altura como Duran Duran, Depeche Mode, Yazoo ou Frankie Goes to Hollywood. Se escutarmos com uma atenção redobrada, notamos que este trabalho tem algo de muito especial.
A tentativa dos Propaganda foi com este trabalho misturar a synth-pop com a musica industrial, e é isto que torna este trabalho especial, pois nota-se do inicio ao fim uma envolvencia perfeita entre duas tendências musicas tão distintas e ao mesmo tempo tão idênticas, ideia que este álbum nos transmite. As influências adveem certamente de Ralf Dorper ex-membro da banda alemã de rock industrial Die Krupps.
Do inicio ao fim do álbum (9 faixas) está bem patente esse ambiente industrial, sem nunca esquecer uma carga lirica muito intensa, também ela ousada que aborda temas como o amor ou ódio, numa estetica neo-romantica, sem esquecer o cariz obscuro de algumas faixas… uma obra do seu tempo. Os principias destaques deste álbum vão para “Dream Within a Dream” a faixa inicial deste trabalho, de mais de 9 minutos, ambientes chillout, numa faixa relaxante que foge um pouco ao conceito do álbum mas sem duvida uma excelente faixa. “Duel” talvez a faixa mais conhecida de todos nós, um grande hit dos anos 80, uma musica sobre inveja, ganancia interpretada de uma forma soberba por Claudia Bruncken. “P-Machinery”, a tal mistura soberba entre a synth-pop e a musica industrial, uma grande faixa que fez parte da banda sonora da serie Miami Vice. “Dr. Mabuse” a mais longa de todo o álbum com mais de 10 minutos também fez sucesso nos tops, uma faixa inspirada na obra de Fritz Lang, arrebatadora do inicio ao fim, um excelente exemplo de synth-pop industrial. As restantes faixas são também elas grandes exemplos da mistura de sons que os Propaganda levaram a cabo com este trabalho “The Murder of Love”, ambientes mais melodicos, contrastando com ambientes mais obscuros e depressivos como “Jewel” (uma faixa a toda a velocidade), “Sorry For Laughing”, “Frozen Faces” a mais experimental de todo o álbum , e “The Chase” que nos surpreende com uma espécie de nova versão de “The Duel”, de certo a sua continuação.
A analise do álbum está feita, a musica é de qualidade do inicio ao fim, uma espécie de musica comercial, sem o ser, com um conceito e uma identidade própria por de trás de cada musica, um rumo traçado do inicio ao fim que escutado com atenção não nos deixará de surpreender, num álbum em que todas as musicas valem a pena. Um álbum que inspirou muito do que se fez na pop dai em diante e a conta dele foram desenvolvidos vários remixes que fizeram sem duvida parte das bandas sonoras das pistas de dança da década de 80, uma atmosfera envolvente, e mágica conjugando várias tendências musicais e com letras á altura.
“A Secret Wish” é imprescindível para uma retrospectiva do que foi a musica na década de 80. Soberbo!


Duel - Propaganda

David Byrne em Portugal

Oportunidade para ver ao vivo um dos mais influentes musicos da decada de 80, o ex - Talking Head, David Byrne. Byrne estará em Portugal dis 28 de Abril no Coliseu dos Recreios para o ultimo concerto da digressão Europeia do ultimo álbum composto conjuntamente com Brian Eno "Everything That Happens Will Happen Today".
Apesar de Brian Eno não acompanhar David Byrne nesta visita, do alinhamento vão constar inevitavelmente musicas anteriormente compostas por ambos e também musicas de álbuns dos Talking Heads que tiveram a ajuda de Brian Eno.
Os bilhetes já estão a venda nos locais habituais...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Crime of the Century (1974) - Supertramp

A história dos britânicos Supertramp, é sem duvida das mais curiosas da musica da década de 70. Com o patrocínio do milionário holandês Stanley August Miesegaes, realizaram 2 álbuns que em termos comercias diga-se foram um fracasso: “Supertramp” de 1970 e “Indelibly Stamped” de 1971. A estes fracassos não resistiram a maioria dos membros que iam entrando e saindo da banda, facto que marcou os Supertramp na fase inicial do seu percurso, e em que só Rick Davies e Roger Hodgson se mantinham fieis ao projecto.
O curioso é que em 1974, já sem o patrocínio de Stanley August Miesegaes, talvez farto dos sucessivos fracassos comerciais dos trabalhos da banda e motivado também pela constante instabilidade no seio da formação, os Supertramp alcançam finalmente o sucesso e o estrelato, “Crime of the Century” é motivo para que se possa afirmar: a terceira é de vez!
Composto por 8 faixas , muitas das quais conhecidas por nós passados estes mais de 30 anos por continuarem a ser sucessos de rádio, “Crime of the Century” começa com uma grande faixa: “School” um grande sucesso dos Supertramp, uma musica de referência com uma excelente letra, voz bem colocada de Roger Hodgson e com variação de ritmos, mais calma no inicio e lá pelo meio com um solo de piano a um ritmo alucinante, não há que ter medo de afirmar que “School” é uma musica referência do rock progressivo, apesar de muita da critica não considerar os Supertramp como uma banda de rock progressivo. “Bloody Well Right”, também ela muito passada nas rádios, com uma interessante mistura de sons e de instrumentos com um magnifico solo de guitarra e um piano de Rick Davies ao mais alto nível, seguindo-se a “soft” “Hide In Your Shell” e “Asylum” também de grande nível uma musica mais influênciada pelo rock-sinfónico. A conhecidissimaDreamer” faixa mais alegre do álbum e sem duvida uma musica que serve de cartão de visita dos Supertramp, segue-se “Rudy” com a voz de Rick Davies, mais um bom exemplo de rock progressivo tal como “If Everyone Was Listening” esta mais calma, ao jeito de balada. A terminar, o álbum encerra com chave de ouro com a musica que dá titulo ao álbum, novamente Rick Davies nas vozes, pelo meio excelente combinação instrumental, com um solo de guitarra digno de registo, esta faixa é épica!
Este álbum é de notar a fantástica mistura de sons e instrumentos, mesmo até instrumentos pouco usados nestas coisas do rock como o clarinete, troca de vozes, coros, instrumentais de elevadíssima qualidade com fantásticos e solos quer de guitarra, de piano ou saxofone só ao alcance dos melhores nomes. Art – rock ou progressivo, este álbum é sem duvida um álbum de obrigatória audição, é garantia de boa musica do inicio ao fim, teve o condão de ser o ponto de viragem de uma banda que muito deu ao mundo da musica principalmente na década de 70 e é para muita da critica e dos fãs o melhor álbum dos Supertramp, sendo também obrigatória a alusão ao também muito bom “Breakfast in America” de 1979.
Numa altura em que em nas rádios de Portugal eram passados álbuns completos e seguidos de bandas como os Génesis ou Pink Floyd, este trabalho fez com que se passasse também Supertramp, como uma referência máxima de um estilo musical tão característico da década de 70, um álbum intemporal de uma banda que teve a virtude de nunca ter desistido… Valeu a pena!


School - Supertramp

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Songs From a Room (1969) - Leonard Cohen

Depois de um reconhecimento mundial devido a poesia e a literatura, o artista desta semana Leonard Cohen, dedica-se finalmente nos anos 60 a musica, arte pela qual a grande maioria de nós o conhecemos. Poeta, filósofo ou trovador Leonard Cohen tem encantado gerações ao longo dos tempos por todo o mundo devido ao seu precioso trabalho. O álbum desta semana é para mim, referência máxima do trabalho de Cohen. De uma obra única e de uma beleza e qualidade fenomenal, passados todos estes anos, tinha inevitavelmente de vir á baila.
De uma triologia de álbuns (“Songs of Leonard Cohen” de 1967, “Songs From a Room” e “Songs of Love and Hate” de 1971) os primeiros da carreira musical de Leonard Cohen, todos eles caracterizados por sonoridades folk e letras intensamente depressivas, elego o segundo, “Songs From a Room” para figurar neste Blog. A razão pela qual o faço é a de o considerar especial em relação aos outros dois relativos a primeira fase da carreira de Cohen. Apesar de ser de entre os 3 aquele que consta que foi o menos aclamado pela critica, considero-o especial pela linguagem, pelo sentimento, pela variedade de temas abordados e pela forma inteligente e sábia como são abordados.
Produzido por Bob Johnson, produtor de trabalhos de Bob Dylan e Simon and Garfunkel, na década de 60, “Songs From a Room” começa com “Bird on the Wire” uma faixa sobre a liberdade, uma das faixas de destaque do álbum que Cohen considera de todas as suas composições a preferida, o tema liberdade não se resume a esta faixa “The Partisan” outra grande musica de destaque apesar de não ser da autoria de Cohen, a liberdade, a guerra, os sonhos desfeitos uma musica de certo dedicada a todos os combatentes da 2ª Guerra Mundial. Coragem também presente em faixas como “A Bunch of Lonesome Heroes” e “The Old Revolution”. De referência bíblica em “The Story of Isaac” em que Cohen narra a história de Isaac do Antigo Testamento. A tristeza e angústia fazem parte de musicas como “Seems so Long Ago, Nancy”, “The Butcher”, “You Know Who I am” e “Lady Midnight” a confirmar a tendência de um álbum cinzento, mas como não há regra sem excepção há contudo uma musica que levanta um pouco o moral e que foge á regra das restantes faixas do álbum, uma das minhas preferidas, a encerrar este mágnifico trabalho “Tonight Will Be Fine”.
Tristeza, consternação, coragem, liberdade todos os mais variados sentimentos convivendo lado a lado num trabalho discográfico é difícil encontrar da maneira que o encontramos em “Songs From a Room”, um trabalho intimista que nos absorve, letras intensas acompanhados de melodias suaves numa combinação perfeita, um trabalho obrigatório que eu gosto especialmente deste Monge Budista mais que um verdadeiro artista, uma referência não só na musica, mas em tudo o que pões o dedo, um filósofo, um religioso… sem duvida um senhor do nosso tempo.
2008 foi um ano em que Portugal foi brindado com a visita deste senhor da musica, no mesmo dia em que recebemos a visita de outro grande senhor da musica… Lou Reed, infeliz coincidência, tantas vezes criticada.
A musica de Cohen vai continuar presente nas nossas vidas aguardando uma possivel proxima visita… Enquanto esperamos por essa possibilidade ficamos com “Songs From a Room” e com essas trovas que são sobretudo… actuais.


The Partisan - Leonard Cohen

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009

Com quatro meses de actividade, o esforço de escrever sobre Discos que pessoalmente considero marcantes quer a nivel nacional quer internacional, tem sido sempre acompanhada com um enorme e humilde esforço de o fazer com qualidade. Com um novo ano que agora chega, esse esforço vai continuar, agradeçendo desde já a todos os que fazem já das visitas a este espaço uma rotina, e a todos aqueles que de uma ou outra forma me têm incentivado neste trabalho que tanto prazer me tem dado. O balanço ao fim destes quatro meses de actividade do "Discos de Bolso" é graças a todos francamente positivo.

A todos desejo um excelente ano de 2009!

A tentativa de celebrar a todas as semanas a musica vai continuar...