quarta-feira, 25 de março de 2009

Leonard Cohen regressa a Portugal

Um ano depois de Leonard Cohen ter actuado no Passeio Marítimo de Algés, surge a noticia do seu regresso a 30 de Julho para um concerto no Pavilhão Atlântico.
Esta é uma oportunidade para poder ver um dos mais influentes compositores do Século XX, um regresso algo inesperado mas sempre aclamado, que vem confirmar o ano de 2009 como um ano de grandes concertos em Portugal.
Os bilhetes encontram-se a partir de hoje a venda nos locais habituais.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Close to the Edge (1972) - Yes

Depois de uma década de 60 repleta de sucessos musicais de três minutos que invadiam as radios e que tanto sucesso fizeram, a nova década dava sinais claros de que a musica iria muito mais alem, mostrando-se muito mais elaborada e perfeccionista, esta é uma altura em que o rock progressivo começava a impor-se na cena musical a nível mundial, e os Yes depois de um inicio de carreira muito marcado por inúmeras entradas e saídas da banda e correspondente instabilidade, consegue no ano de 1972, dois álbuns bastante bem conseguidos e aclamados pela critica. Falo de “Fragile” e do álbum desta semana “Close to the Edge”.
Um álbum marcadamente progressivo “Close to the Edge” apresenta somente três faixas “Close to the Edge”, “And You And I” e”Siberian “Kathru”, as duas primeiras que por sua vez se subdividem em outras partes. “Close to the Edge” inspirada na obra “Sidarta” de Hermann Hesse, é talvez a mais versátil de todo o álbum,com mais de 18 minutos, subdivide-se em quatro partes, “The Solid Time of Change” uma faixa versátil com uma balburdia musical, que dá lugar a uma linha mais normal de um som progressivo . “Total Mass Retain” surge na consequência da parte anterior e dentro da sua linha, seguindo-se a parte “I Get Up I Get Down” com uma linha sonora bem mais calma em que se destaca o teclado de Rick Wakeman influênciado em Bach. A faixa “Close to the Edge” termina em grande com a ultima parte “Seasons of Man” em que se destaca novamente os teclados a magnifica voz de Jon Anderson, poerfeitamente encaixada no estilo musical em causa. A faixa seguinte “And You And I” divide-se igualmente em quatro partes, “Cord of Life”, “Eclipse”, “The Preacher The Teacher” e “Apocalypse”. Nesta faixa destaca-se mais uma sonoridade acústica em todas as partes em contraste com um maior destaque aos teclados na faixa anterior, referência também deve ser feita inevitavelmente as influências religiosas a que Jon Anderson recorre que viriam também a ser utilizadas muito em especial no álbum seguinte dos Yes “Tales From Topographic Oceans” do ano seguinte. A faixa que encerra o álbum é “Siberian Kathru” uma faixa que ao contrario das anteriores não está dividida em partes e que é bem diferente de todo o que há para trás no álbum visto estarmos perante uma sonoridade claramente influenciada pelo rock n’roll, uma faixa rápida e em que se destaca como não podia deixar de ser a guitarra de Steve Howe e também a qualidade e versatilidade de toda a banda.
Um álbum com temas longos mas sem ser muito longo, expoente máximo do espectáculo perfeccionista e elaborado que foi o rock progressivo nos anos 70, é apontado como um dos melhores álbuns do género e que depois dele os Yes também se tornaram numa referência musical a nivel mundial. Apesar de todas as referências surrealistas características do rock progressivo e bem presentes neste álbum, bem como as musicas com longos instrumentais altamente elaborados, é um álbum que mesmo para quem não admire muito todo o espectáculo e parafernalia progressiva, não terá dificuldade em ouvir e a ficar preso do inicio ao fim.
Aclamado pela critica desde o seu lançamento como referência máxima no artrock/progressivo, qualidade que o tempo veio provar e e visto a distancia destes anos todos continua a ser um álbum de topo e deve servir não só como referência dos Yes, mas acima de tudo como expoente máximo do que foi a musica na década de 70.


And You and I: Cord of Life/Eclipse/The Preacher the Teacher/Apocalypse - Yes

segunda-feira, 16 de março de 2009

Tattoo You (1981) - The Rolling Stones

Depois de uns anos 70 passados no topo em que lançam álbuns tão bem sucedidos que ficam para a história da musica do seculo XX como “Sticky Fingers” de 1971, “Exile On Main St.” de 1972 ou “Some Girls” de 1978, vinha ai a nova década, novas influências e um novo contrato a nível discográfico, desta feita com a EMI. Novos desafios se aproximavam, e os Stones encararam-nos a sua maneira e sem tabus, como sempre o têm feito ao longo da sua carreira já com mais de 4 décadas…
“Tattoo You”, o álbum desta semana surge nesse contexto, e devo dizer que nunca foi um álbum que recolhesse unanimidade entre os fãs dos Stones. A meu ver, não há duvida que os Stones tentam inovar (apesar de não se notar muito) e uma nova abordagem em termos de sonoridade fugindo de algum modo da praticada na década de 70, mas não deixa de ser um álbum á Stones.
Temas como “Start Me Up” a contagiante e universalmente conhecida a abrir, um tema que marca toda a carreira da banda britânica, Rock n’ Roll puro com uma estética mais ligada a nova década, “Hang Fire” outra grande malha, na linha de “Start Me Up”, uma faixa que penso que nunca lhe foi atribuído o devido valor. “Slave”, é a faixa seguinte e mais um tema provocante… um tema á Rolling Stones, seguindo-se “Little T & A” em que os riffs da guitarra de Keith Richards se destacam. Para alem destes temas de puro Rock n’Roll, e porque nenhum álbum dos Stones é homogéneo, “Tatto You” também o não é, segue-se duas musicas que fogem um pouco a linha traçada pelas faixas iniciais. “Black Limousine” com claras influências de Blues e “Neighbours” uma musica recebeu algumas criticas por parte dos fãs com uma sonoridade mais pesada. O álbum toma depois um caminho bastante diferente das faixas iniciais com musicas como “Worried About You” uma excelente faixa, uma musica calma mais sentimental com uma interpretação soberba de Mick Jagger a demonstrar e bem a sua versatilidade vocal, a atrevida “Tops”, “ Heaven” e “No Use In Crying” todas elas musicas mais calmas. O álbum termina como começou, em grande com a fantástica “Waiting On a Friend”, uma excelente forma de terminar este magnifico trabalho com claras influências de Jazz e Blues, a mensagem é um verdadeiro hino ao Rock: apesar de todos os problemas e das dificuldades de cada um, haverá sempre amigos, saídas á noite, diversão e…Rock n’ Roll.
Um trabalho muito bom que apesar de dividir um pouco os fãs dos Stones é a meu ver um excelente trabalho que mostra e bem a versatilidade musical da banda, tentando misturar vários estilos num só álbum, em que está bem patente a grande qualidade dos musicos, para álem de ser apelativo pelas grandes malhas de puro rock n’ roll que contagiam qualquer um. Foi o primeiro trabalho com a EMI e o único grande sucesso comercial com esta editora, atingiu o número 2 no Reino Unido e o número 1 nos EUA. Com a Tour desse ano, os Stones usam pela primeira vez palcos moveis bem como uma imensa parafernália de som e luz que caracteriza até aos dias de hoje os espectáculos dos Rolling Stones. A capa da autoria de Peter Corriston que mostra um Mick Jagger completamente tatuado, ganhou em 1982 o Grammy para melhor capa.
“Tattoo You” é um álbum imprescindível para quem gosta de Rolling Stones, mas acima de tudo para quem gosta de bom Rock n’ Roll.


Start Me Up - The Rolling Stones

segunda-feira, 9 de março de 2009

The Velvet Underground & Nico (1967) - The Velvet Underground

Muito tempo antes de se ousar falar em guerras de egos no seio das bandas, nos Velvet Undergound já havia esse ambiente, em plenos anos 60, “The Velvet Underground & Nico” o primeiro álbum dos Velvet Underground, surge nesse contexto, e não é preciso ir para alem do titulo para perceber uma das manifestações dessa forma de “guerrilha interna” em que Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison e Doug Yule não consideravam a modelo Nico imposta pelo “mecenas” da banda, Andy Warhol. Dai a separação e o nome do álbum ser este.
Mas esse era apenas um ponto em que a banda de Nova Yorque se mostrava a frente do seu tempo, desde logo, o modo como Andy Warol, tentando experimentar novas formas de arte, o fazia neste caso patrocinando o banda cedendo-lhe um espaço, a Factory, onde não só os Velvet Underground como outros artistas davam azo as suas divagações artísticas nos mais diversos ramos da arte. Com todo este ambiente em que que se estava rodeada completamente por arte, o resultado só poderia ser uma obra de arte. “The Velvet Underground & Nico” é sem duvida essa obra de arte fruto dessa ideia de corrente artistica materializada pela Factory de Warol e da ambição de musicos excelentes, perfeccionistas e obcecados pela sua forma defazer musica. Não é um álbum fácil, nem o pretende ser, assim como a carreira dos Velvet Undergound nunca foi um conto de fadas, este álbum também não o pretende ser surge como fiel imagem da banda em que toca em temas proibidos para America de então mergulhada no “Flower Power”. Assuntos como as drogas, a prostituição, a miséria, contando a história de uma América e de um universo urbano desconhecido mas real.
A sonoridade também ela é inovadora para o que se fazia na altura, misturando vários estilos e dispersos por diversos temas do álbum. Sonoridades mais ligadas a uma estética musical Pop,Sunday Morning”, “Femme Fetale” “There She Goes Again”, “Run Run Run”, ou “I´ll Be Your Mirror” de sonoridades mais experimentais e alternativas em “Venus in Furs”, “All Tomorrow’s Parties” ou “ Heroin” e em que se fazia uso e abuso de riffs e distorção de guitarra em temas como “European Son”, com longos um longo e experimental solo bem como musicas mais directas, “The Black Angel Death Song” ou “There She Goes Again”. Todas as musicas, acompanhadas de uma estética inovadora, são acompanhadas de letras marcantes e profundas, perfazendo uma combinação excelente.
Há quem considere que “The Velvet Underground & Nico” foi o primeiro álbum Punk, isto 10 anos antes do surgimento do dito movimento, e essa facto não pode ser de todo negado, uma vez que foi o primeiro álbum a abordar realidades mais alternativas e até então nunca abordadas pela musica, foi como que um álbum contra-cultural uma vez que inovava tanto a nível lírico como musical e era oposto a tudo o que se fazia na década de 60 quer nos EUA, quer na Europa. Aquela vertente cultural alternativa como o Punk teve o seu inicio com este trabalho. E de facto o potencial e a qualidade deste trabalho só foi reconhecido verdadeiramente aquando do surgimento do movimento Punk, 10 anos depois do seu lançamento o que demonstra sem duvida o quanto a banda estava a frente do seu tempo. Quanto a vendas, foram poucas, chegando mesmo a sua venda a ser proibida em certos locais devido a sua linguagem, demasiado directa e crua para a época, foi um autêntico fracasso comercial na altura em que foi lançado. Mas a qualidade dos álbuns não se mede pelo numero de vendas, mas sim pela sua influência futura e quanto a isso, não há álbum como este que influenciou desde o movimento Punk, até ao Grunge de Seattle, passando como não podia deixar de ser por toda Pop mais cinzenta da década de 80, continuando ainda hoje a influenciar como nenhum álbum e nenhuma banda como os Velvet Underground.
A juntar a isto só falta referir a capa que dispensa apresentações, capa reflexo da Pop-Art de Andy Warhol, que fez com que o álbum passasse a ser conhecido como o “álbum da banana” e que faz dele uma obra de arte indispensável, por dentro e por fora.


Ill Be Your Mirror (Single V - The Velvet Underground & Nico

segunda-feira, 2 de março de 2009

Disintegration (1989) - The Cure

Com “Kiss me, Kiss me, Kiss me” de 1987, anterior a “Disintegration”, é de notar como em nenhum outro álbum aquilo que caracterizou os The Cure e os tornou conhecidos, a sua capacidade de misturar a musica pop com influências góticas. Com “Disintegration” o álbum desta semana há como que um regresso a uma fase inicial da carreira da banda de Robert Smith em álbuns como “Seventeen Seconds” de 1980, “Faith” de 1981 e “Pornography” de 1982 em que o recurso a sonoridades mais obscuras está bem patente. Em “Disintegration” há novamente uma colagem a essas sonoridades, mas de uma forma mais segura, madura e muito mais acutilante.
Disintegration” é uma autêntica caixinha de surpresas, muito á imagem de Robert Smith que segundo o próprio passava na altura por uma fase difícil da sua vida, transportando todo o desespero e melancolia para “Disintegration”. Um trabalho que tem tanto de depressivo como de belo, um álbum longo e nem sempre fácil, é contudo um álbum em que sobressai a sua atmosfera muito própria que nos envolve e embala da primeira a ultima faixa. É quase unanimemente eleito como o melhor álbum da banda, dele saíram muitas das musicas que fizeram dos The Cure uma banda conhecida e admirada em todo o mundo não só no meio alternativo. Faixas que se destacam como a épica e instrumental faixa de abertura “Plainsong” a servir de mote e exemplo do que é todo o álbum. “Pictures of You” de mais de 7 minutos em que Smith fala de amor, e em que se destacam também os magníficos arranjos, principalmente de guitarra, com uma introdução instrumental memorável. “Closedown” a terceira faixa do álbum, também ela muito boa em que se destaca mais uma vez o ambiente sonoro criado e conjugado com magníficos arranjos de guitarra. “Lovesong”, a faixa seguinte, e uma das mais conhecidas dos The Cure é uma faixa mais pop, mas em que a angustia e a tristeza de Robert Smith não deixa de estar presente e que fez um especial sucesso nos EUA. Seguida da emotiva “Lastdance” caracterizada pelos riffs e em que o ambiente melancolico se mantem, seguida da eterna “Lullaby”, um tremendo sucesso, em que Robert Smith faz uma sátira ao medo das aranhas, e cujo videoclip ganhou o prémio de melhor videoclip dos Brit Awards de 1990. “Fascinations Streettambem ela uma faixa das mais conhecidas dos The Cure marcada pelos riffs de guitarra cativantes. As restantes faixas “Prayers for Rain”, “The Same Deep Water as You”, “Homesick” e “Untitled” encaixam bem umas a seguir as outras sem destoar do álbum, mas o destaque vai ainda para a faixa que dá titulo ao álbum “Disinegration”, que faz lembrar (mais que as restantes) o ambiente pós-punk do inicio dos anos 80 e o as sonoridades que caracterizaram os The Cure nos seus primeiros trabalhos.
Um álbum longo (de mais de 70 minutos), mas homogéneo do inicio ao fim em que os músicos se apresentam numa excelente forma e os instrumentos encaixam entre si na perfeição. Temas marcantes e sombrios em que a melancolia está sempre presente nas letras de Robert Smith e na sonoridade. Atingiu o 3º lugar do Top Britânico e o 14º do Top Americano. É um álbum que ajuda a definir os The Cure como uma das mais bem sucedidas bandas de rock alternativo em todo o mundo servindo-lhe como um dos seus cartões de visita, e escolhido como a melhor forma da banda se despedir da década mais cinzenta e depressiva da história da musica. Consagrado pela critica e elogiado pelos fãs, por vezes faz-nos parecer que estamos perante um álbum épico, ou mais que isso, afinal, aquela tristeza consentida como Robert Smith e companhia a interpretam neste álbum, acaba por ser uma experiência que vale a pena ser vivida da primeira á última faixa.


Lovesong - The Cure