segunda-feira, 25 de maio de 2009

The Man-Machine (1978) - Kraftwerk

Numa altura em que a musica electrónica começava a surgir com algum impacto mas ainda dava os seus primeiros passos, os avanços davam-se muito a conta dos alemães Kraftwerk e de trabalhos que marcaram toda uma Década de 70 mas acima de tudo toda a musica a nível mundial, no que dai em diante se fez e continua a fazer.
Álbuns como “Autobahn” de 1974 que deu um primeiro grande impulso a musica electrónica ou “Trans-Europa Express” de 1977, o álbum desta semana “The Man Machine” é talvez o álbum que marca uma certa evolução da banda quer num sentido musical quer estético que viria a alterar o modo como a musica era encarada.
Se nos trabalhos anteriores a “The Man Machine”, se notou uma clara vertente de minimalismo e experimentalismo, em que se dava mais importância ao instrumental, “The Man Machine” vem a confirmar-se ser um álbum diferente, um trabalho em que os Kraftwerk colocam todo o experimentalismo electrónico que os caracterizava ao serviço da musica Pop.
Assim, este álbum é composto por 6 faixas, todas elas apanágio de uma temática futurista e tecnológica como que uma homenagem musical ao compatriota Fritz Lang e a sua mais conhecida obra “Metropolis” meio Século depois. Todas as faixas são tambem indivualmente tidas como referência na longa carreira dos Kraftwerk. Em “The Robots”, uma faixa diferente do até aqui realizado pela banda um tema Synth-Pop, a abordagem futurista é feita de um modo irónico e provocador, continua-se em tons robóticos com “Spacelab” e “Metropolis”. Destaque merece “The Model”, um tema demasiado Pop para aquilo que os Kraftwerk vinham a fazer, um tema dançável e que ainda hoje se considera vanguardista, surpreendente. “Neon Lights” e a faixa titulo “The Man Machine”musicas que ainda hoje perduram, e que são indispesnáveis nas apresentações ao vivo e nas colectâneas da banda alemã.
Um álbum que se pode dizer não ser longo mas que enche as medidas, nada nele é feito ao acaso e não se pode dizer que haja momentos e experimentalismos a mais, um álbum completo.
Inspirador, futurista e inovador em minimalismo que caracterizava a banda alemã continua em certa medida presente, bem como o conceptualismo contudo como já frizei tudo é feito seguindo uma abordagem mais Pop, como que uma afirmação do verdadeiro potencial da banda, o tema do álbum assenta que nem uma luva a banda, e essa mistura de conceptualismo, futurismo de exploração minimalista de certas sonoridades tudo aliado com uma vertente mais comercial veio sem duvida a influenciar a musica dai para a frente. Diz-se muitas vezes que principalmente este álbum foi verdadeiramente o primeiro álbum Synth-Pop produzido e que veio a infuênciar todos os “New Romantics” dos anos 80 que surgiram principalmente na Inglaterra como Duran Duran, Visage ou Depeche Mode. Há também quem considere este trabalho, grande impulsionador do movimento New Wave que surgiu no final dos anos 70 e no inicio dos anos 80. todas estas referências provam que os Kraftwerk estiveram não na génese da musica electrónica e que graças ao seu trabalho devemos muita da musica electrónica e Dance Music que hoje se ouvem, que um pouco toda a musica que se fez dai em diante tem o cunho deste colectivo alemão sendo a ser considerada como uma banda que chegou e chega a influenciar tanto como os Beatles…
Um trabalho que consta da lista dos melhores álbuns do Século XX, torna-se sem sombra de duvidas um trabalho imprescindível goste-se ou não de musica electrónica, nem que seja pelo simples facto de que passados mais de trinta anos continuar ser catalogado de futurista…


The Robots - Kraftwerk

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Unknown Pleasures (1979) - Joy Division

Mais importante do que entender cada letra deste álbum, torna-se necessário conhecer o meio, a época e o mundo que rodeava o lider dos Joy Division, Ian Curtis. Formados após um concerto dos Sex Pistols, numa altura em que o Punk atingia o auge na Grã-Bertanha, e em que se assistia ao aparecimento de novas bandas com uma nova estética a todo o momento, numa cidade cinzenta como Manchester onde o escape era muitas das vezes a musica… Foi todo este complexo de factores que resultou nos aparecimento dos Joy Division, porém o mais difícil de explicar ou até tentar compreender será a a mente de Ian Curtis, motivado por uma criatividade genial ou “qui-ça” pelos seus inumeros problemas pessoais acabou por pintar o Rock e a decada de 80 de tons cinzentos…
O álbum de estreia dos Joy Division “Unknown Pleasures” é sem duvida um marco na musica do séc XX, não só pela sua qualidade presente em todas as musicas que o integram mas acima de tudo porque foi um trabalho que tudo pôs do avesso e a partir dai, nada na musica voltou a ser como dantes.
Ao longo do álbum, uma sonoridade nova sobressai, não é punk, mas também não é aquele rock como o habitual dos anos 70, também não é nenhum compromisso entre esses dois estilos, é algo de surpreendentemente novo… o álbum é marcado por essa estética e sonoridade e em que o uso e abuso do linhas de baixo de Peter Hook executadas na perfeição se conjugam com uma bateria quase “militar” de Stephen Morris, e “riffs” arrojados da guitarra de Bernard Sumner. Exemplo disso são as primeiras faixas “Disorder” (abertura em grande), “Day of the Lords”, que demonstra todo o explendor da sonoridade patente deste álbum ou as “claustrofóbicas” “Candidate” e “Insight”. É difícil neste álbum encontrar um momento alto, todo ele é excelente do inicio ao fim, mas talvez se possa indicar “New Dawn Fades” como a musica que mais se destaca, mas essa análise é difícil, uma faixa “assustadora” em que Curtis provavelmente se quis referir a temática da mudança (?). O álbum arranca novamente para faixas mais ritmadas como “She´s Lost Control”, retratada no recente filme de Anton Corbijn sobre Ian Curtis e os Joy Division, “Control” como uma faixa inspirada num caso de uma jovem epiletica que impressionara Ian Curtis que tambem sofria dessa doença, uma faixa mais voltada para o punk, mais acelerada. Em “Shadowplay”, Curtis aborda a morte, encontros e desencontrostendo como fundo o meio urbano numa das musicas mais conhecidas dos Joy Division, segue-se a “industrial” “Wildserness” e a fechar novamente sonoridades mais inspiradas pelo “punk” em “Interzone” e um grande final em “I Remember Nothing”.
Por muito que se tente explicar ou compreender a carga lírica depressiva de Ian Curtis, é uma tarefa ardua, nem Hook, Sumner e Morris, na altura o conseguiram, e isso pouco importa, o que mais ressalta é a profunda tristeza e angusita sempre presente , uma tristeza como que irremediável e consentida, como que a antever um final trágico e ao mesmo tempo envolta numa sonoridade cativante. Costuma dizer-se que há o antes e o depois dos Joy Division e a banda de Manchester foi sem duvida neste álbum pioneira de uma nova fase da musica que ai vinha, nunca ninguém tivera a coragem de a abordar deste modo, tornando-a sofrega e cinzenta, como que uma longa viagem por um imenso deserto de desolação e tragédia, como neste álbum, e tudo o que veio a seguir foi diferente como não podia deixar de ser… A Década que ai vinha descobrira a sua identidade musical graças a este quarteto a e muito por culpa deste álbum, tidos como os fundadores do rock-gótico ou do chamado post-punk foram inspiradores de tudo o que dai se fez em diante mas principalmente e em especial de bandas como Depeche Mode, The Cure, The Smiths, Sisters of Mercy ou mais recentemente The Killers e Interpol. E Manchester essa cidade onde nada se passava, passou de um momento para o outro a ser o centro de toda a criatividade musical da Grã-Bertanha.
Muito se tem dito e escrito sobre o trágico suicídio de Ian Curtis no dia 18 de Maio de 1980, aos 23 anos dias antes de partir para a primeira Tour dos Joy Division nos Estados Unidos, os problemas pessoais como o casamento desfeito e a relação com a amante, bem como a epilepsia que cada vez se agravava mais, ou a dificuldade em lidar com a sua crescente ascenção mediatica foram talvez prenuncio de um desfecho inevitavel de alguem que apesar de todo o futuro brilhante que se lhe antevinha, mostrou acima de tudo que era um comum ser-humano, com problemas, defeitos e qualidades e que ás sucessivas e frustradas tentativas de fuga do seu “labirinto”, disse como o próprio escreveu na carta de despedida “Não aguento mais…”, inscrevendo o seu nome na lista dos icones imortais da musica do Sec. XX e protagonizando uma das grandes histórias da musica do nosso tempo…


Disorder - Joy Division

Ian Curtis (1956 - 1980)


"So this is permanence - love's shattered pride
What once was innocence, turned on its side
A cloud hangs over me - marks every move
Deep in the memory of what once was love."

terça-feira, 12 de maio de 2009

Abraxas (1970) - Santana

Da banda de Santana, banda com o mesmo nome, que o guitarrista mexicano ajudou a fundar em São Francisco na California, “Abraxas” o álbum desta semana é um album surpreendentemente rico, onde várias sonoridades e culturas se cruzam numa excelente maneira de celebrar a musica. Depois do também surpreendente “Santana” de 1969, que abriu os horizontes e as perspectivas para uma nova forma de encarar o Rock, “Abraxas” é contudo e ainda hoje o álbum que maior reconhecimento trouxe á banda de Carlos Santana.
O surpreendente neste trabalho, é o modo versátil e simples como se misturam diferentes ritmos e instrumentos nunca dantes vistos como congas entre outros instrumentos de percursão em perfeita consonância com sonoridades mais ligadas ao Blues e ao Rock. Assim logo a abrir este mágnifico trabalho surpreende-nos um tema que não destoa do acima mencionado “Singing Winds and Crying Beasts” um excelente tema, perfeito para iniciar este trabalho, uma faixa calma com a inclusão de instrumentos de percurssão latinos e o orgão a fazerem as honras, uma faixa em que a guitarra fica em segundo plano. Segue-se porém a mais ritmada e conhecida de todos “Black Magic Woman/Gipsy Queen” composição de Peter Green dos Fletwood Mac, mas que acima de tudo Santana imortalizou, nesta faixa está bem patente a influência latina de Santana e a guitarra com riffs e solos que ainda hoje são sua imagem de marca, este é ainda hoke talvez a musica mais conhecida que serve de acrtão de visita a Santana e a sua banda. “Oye Como Va” é a musica que se segue e sem duvida também um grande classico de Santana e da musica latina, uma faixa que fez sucesso e que ajudou a catapultar este álbum para os tops e foi não poucas fazes parte de banda sonora de inumeros filmes ou series televisivas. Nesta altura, já o álbum já nos contagiou a todos e e dificil não reparar e ficar alheio a tanta energia e a tanto ritmo latino aliados com a perfeição da guitarra de Santana como provam as faixas “Incident at Neshabur”, “Se a Cabo” ou “Mothers Daughter”. O álbum acalma com a magnifica “Samba Pa Ti”, um magnifico slow, uma faixa mágica também ela das mais conhecidas do guitarrista mexicano, uma faixa em que sobressai a guitarra conjugada com o orgão, trasmitindo sonoridades exoticas e ambientes torridos de paragens Mexicanas. Depois desta magnifica “pausa” o álbum volta ao normal com as faixas “Hope You’re Feeling Better” e “El Nicoya” a encerrar em beleza.
Mais que um álbum este trabalho promete uma viagem, uma viagem por sons, culturas, paisagens, um verdadeiro transmissor de sensações sempre executado de forma exemplar por excelentes musicos como José Areas ou Gregg Rolie e claro, Carlos Santana. Sem medo estes mágnificos musicos inventaram então o chamado Latin Rock em que se misturavam sonoridades tão diversas como a Salsa, o Jazz ou o Blues. Um álbum que atingiu as cinco platinas nos Estados Unidos da America e que é hoje em dia ainda um grande embaixador da cultura Mexicana do guitarrista Carlos Santana e acima de tudo da musica latina.
Sem duvida um álbum indispensavel na discografia de qualquer um de nós, arrebatador do inicio ao fim.


Samba Pa Ti - Carlos Santana