segunda-feira, 22 de setembro de 2008

The Queen is Dead (1986) - The Smiths

Há bandas que foram bandas, criaram musica, e ficaram para a história pelo trabalho musical que fizeram, no entanto há outras bandas que foram muito mais que uma simples banda, os Smiths foram de facto muito mais do que um grupo de musicos que fazia boa musica, foram uma instituição, um sindicato, um partido politico e porque não dizer mesmo uma religião. Oriundos de Manchester tal como bandas como os Echo and The Bunnymen, Druitti Column ou os Joy Division que conseguiram transmitir como ninguém a realidade urbano-depressiva daquela cidade, os Smiths foram mais longe ainda, passaram as barreiras de Manchester, tornando-se um fenómeno nacional.
O 4º álbum dos Smiths, “The Queen is Dead” é para muitos considerado a obra prima da banda que mais marcou a musica britânica dos anos 80. “The Queen is Dead” surgiu depois de “Meat is Murder”, altura em que os Smiths estavam no auge e que eram seguidos por multidões de jovens fans que idolatravam a banda, mas o que fazia desta banda tão especial, sendo uma banda que praticava uma musica dita alternativa, numa altura em que o synth-pop se encontrava no auge, eram oriundos de uma cidade onde nunca nada acontecia e gravavam numa editora independente? É dificil falar dos Smiths, mas eu gostaria de considerar em primeiro lugar a capacidade lirica de Morrissey, com suas letras melancolicas, sensiveis e depressivas (como que se de excertos do seu diario se tratasse) por um lado e por outro provocantes e ameaçadoras enfrantando varias instituições, Morrissey tinha uma mensagem (ou várias), e neste album isso está bem patente. Por outro lado há que considerar que Morrissey funcionou como porta voz de uma juventude britânica á altura cheia de problemas e sem grandes perspectivas de futuro as suas palavras funcionavam como a voz dessa juventude oprimida e tantas vezes esquecida pelo Poder e pela sociedade, por esta razão os Smiths são considerados a banda que melhor se adaptou a realidade politico-social da Grã-Bertanha dos anos 80 , uma outra razão do seu elevado sucesso em tão pouco tempo é como não podia deixar de ser… a musica! os magnificos arranjos de Andy Rourke, Mike Joyce e principalmente Johnny Marr, aquele estilo de musica rock fácil, sem solos de guitarra, simples, como que entre o rockabilly e o folk, alternativo, magnifico!
"The Queen is Dead" surgiu num contexto dificil: probelmas sociais, o desemprego, manifestações a descrença em relação ao futuro, o fim do Estado Providência, Margaret Thatcher, uma sociedade em profunda mutação. O álbum serviu como resposta ao poder politico de então: contra a Monarquia Britânica na faixa de abertura “The Queen is Dead”, em que Morrissey critica o alheamento da Familia Real em relação aos probelmas da sociedade inglesa em especial da juventude. Contra Thatcher com “Bigmouth Strikes Again” que deu polémica devido aos versos “Sweetness, Sweetness I was only joking / When I said I’d like / Smash every tooth in your head.” O álbum é constituido por letras depressivas, bem patentes nas faixas “I know It’s Over” sobre o sofrimento relacionado com o fim de uma relação, “There is Light That Never Goes Out”, sobre a solidão e a falta de prespectivas no futuro, mas Morrissey lá ia dizendo que havia uma luz que nunca se apagava, “The Boy With The Thorn in His Side” a mais pop de todo o album relata a descrença em relação aos nossos sentimentos e aos sentimentos dos outros, “Never Had No One Ever” esta ultima sobre o celibato assumido de Morrissey que tanta polémica deu. Tinha também o outro lado, o humor, a ironia e o sarcasmo ao estilo de Morrisey nas faixas “ Vicar in a Tutu”, com a Igreja como alvo, “Frankly, Mr. Shankly” sobre situações de inadaptação, ”Cemetery Gates”, como resposta a critica que tanto massacrava Morrissey e “Some Girls are bigger than others” alvo de diversas interpretações. Chegamos a conclusão que este álbum é uma mistura dos mais variados sentimentos.
Depois de “The Queen is Dead” acentuava-se a guerra pessoal entre Morrissey e Marr que levou ao fim da banda em 1987 (e também ao fim da vida dos muitos fans que não aceitando bem o fim da banda se suicidaram).
E podendo a minha opinião valer pouco fica a nota que este álbum foi considerado pela “Spin Magazine” o melhor álbum de sempre.
Actualmente aquele que bem recentemente foi considerado o 2º melhor britânico vivo segue com a sua bem sucedida carreira a solo e tem “saidas” bem ao seu estilo do genero (e passo a citar): “Prefiro comer os meus testiculos a reunir novamente os Smiths”.
The Smiths is dead…


Some Girls Are Bigger Than Others - The Smiths

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