segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Graceland (1986) - Paul Simon

O sucesso já não era estranho para Paul Simon, com Art Garfunkel fez a dupla de maior sucesso da musica pop Americana nos anos 60, álbuns como “Sounds of Silence” de 1966 ou “Bridge Over Troubled Water” de 1970, tornaram-se obrigatórios e uma referência na musica moderna americana. A solo a carreira de Paul Simon foi também ela brindada com inumeros trabalhos bem sucedidos que atingiram boas vendas, exemplo disso é “Paul Simon” de 1972 “There Goes Rhymin’ Simon” de 1973. Houve contudo um declive na venda dos trabalhos de Paul Simon e se no inicio da sua carreira a solo, os seus trabalhos como ficou atrás referido vendiam bem houve posteriormente álbuns menos conseguidos a nivel comercial falo nomeadamente de “One Trick Pony” de 1980 e o álbum seguinte “Hearts and Bones” de 1983.
A carreira de Paul Simon estava a precisar de um novo folego e depois de algum tempo sem gravar, surge este “Graceland” como resposta de Simon a crise que começava a tomar conta da sua carreira. Na verdade, entre 1983 e 1986 Paul Simon não apresentou nenhum trabalho, como se se tivesse afastado das lides musicais, isso não foi contudo verdade, pois nesse periodo (3 anos!) Paul Simon esteve envolvido na produção de “Graceland”.
Já em 1974 Paul Simon havia realizado uma tournée, com cantores de musica gospel e musicos peruanos, demonstrando claramente o seu gosto pela World Music, “Graceland” vem confirmar esse gosto de Paul Simon pela musica etnica, indo buscar a Africa e as suas raizes os artistas e as sonoridades que o acaompanham neste trabalho, numa altura dificil em pleno apartheid na Africa do Sul.
Em suma, este álbum resume-se a duas palavras, a duas culturas: America e Africa, Paul Simon faz de uma forma soberba, as letras encaixam bem numa sonoridade viva, exotica e plena de musica tradicional Africana como que uma forma perfeita de pintar este “quadro” onde tão bem se entrelaçam e complementam duas culturas tão diferentes e ao mesmo tempo tão proximas, afinal é essa a mensagem de Simon em "Graceland": ultrapassar barreiras, unir culturas através da musica. Os ritmos africanos estão bem patentes em todo o álbum as faixas “The Boy in The Bubble”, “Graceland” e” I Know What I Know” são uma mistura de sons e ritmos de uma forma alucinante e exeplarmente executados, e impossivel não ter vontade de dançar ao som de ritmos tão contagiantes, com estas três faixas, “Graceland” tem um inicio no minimo arrebatador “Gumboots”, a quarta faixa do álbum Simon dá uma lição de crença e como não podia deixar de ser os ritmos envolventes continuam. Em “Diamonds on the Soles of Her Shoes” Simon faz uma indirecta critica ao apartheid confrontando as diferente sorte de diferentes crianças que nasceram em meios diferentes. A faixa seguinte é talvez a mais coinhecida do álbum, “You Can Call Me Al” um ritmo que fica inevitavelmente no ouvido a musica relata uma crise de identidade de um homem que resolve fazer uma viajem pelo 3º mundo. “Under African Skies” magnificos arranjos de guitarra e um magnifico dueto com Linda Ronstadt. “Homeless” cantado exclusivamente por um coro masculino, pura world music africana, na faixa seguinte “Crazy Love Vol II” facil de ouvir e muito envolvente, de seguida “That Was Your Mother” os ritmos africanos ficam um pouco de lado dando lugar a musica puramente americana, musica claramente influenciada pelo jazz. O álbum termina com “All Around The World Or The Myth Of The Fingerprints” uma tipica musica de fim de álbum e a mostrar que Simon é um excelente “fazedor” de albuns do inicio ao fim.
Musicos Norte-Americanos, Sul Africanos, Senegaleses, Nigerianos, Mexicanos e das mais variadas proveniencias trabalharam neste excelente exemplo de riqueza cultural sob a forma de musica, para muitos considerado o melhor trabalho de World Music alguma vez feito. Com “Graceland”, Paul Simon ganhou o Grammy desse ano referente a álbum do ano e quanto a vendas, chegou a número 1 no Reino Unido e a número 3 nos Estados Unidos. Acima de todos os prémios, vendas e distinções destaco a mesnagem de Paul Simon que nunca sendo um compositor politico demonstra desta forma a riqueza da sua mensagem uma mensagem claramente politica e anti-apartheid: a musica não tem barreiras e não distingue culturas, religiões ou raças… E afinal não é isso que conta?


You Can Call Me Al - Paul Simon

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