segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Songs From a Room (1969) - Leonard Cohen

Depois de um reconhecimento mundial devido a poesia e a literatura, o artista desta semana Leonard Cohen, dedica-se finalmente nos anos 60 a musica, arte pela qual a grande maioria de nós o conhecemos. Poeta, filósofo ou trovador Leonard Cohen tem encantado gerações ao longo dos tempos por todo o mundo devido ao seu precioso trabalho. O álbum desta semana é para mim, referência máxima do trabalho de Cohen. De uma obra única e de uma beleza e qualidade fenomenal, passados todos estes anos, tinha inevitavelmente de vir á baila.
De uma triologia de álbuns (“Songs of Leonard Cohen” de 1967, “Songs From a Room” e “Songs of Love and Hate” de 1971) os primeiros da carreira musical de Leonard Cohen, todos eles caracterizados por sonoridades folk e letras intensamente depressivas, elego o segundo, “Songs From a Room” para figurar neste Blog. A razão pela qual o faço é a de o considerar especial em relação aos outros dois relativos a primeira fase da carreira de Cohen. Apesar de ser de entre os 3 aquele que consta que foi o menos aclamado pela critica, considero-o especial pela linguagem, pelo sentimento, pela variedade de temas abordados e pela forma inteligente e sábia como são abordados.
Produzido por Bob Johnson, produtor de trabalhos de Bob Dylan e Simon and Garfunkel, na década de 60, “Songs From a Room” começa com “Bird on the Wire” uma faixa sobre a liberdade, uma das faixas de destaque do álbum que Cohen considera de todas as suas composições a preferida, o tema liberdade não se resume a esta faixa “The Partisan” outra grande musica de destaque apesar de não ser da autoria de Cohen, a liberdade, a guerra, os sonhos desfeitos uma musica de certo dedicada a todos os combatentes da 2ª Guerra Mundial. Coragem também presente em faixas como “A Bunch of Lonesome Heroes” e “The Old Revolution”. De referência bíblica em “The Story of Isaac” em que Cohen narra a história de Isaac do Antigo Testamento. A tristeza e angústia fazem parte de musicas como “Seems so Long Ago, Nancy”, “The Butcher”, “You Know Who I am” e “Lady Midnight” a confirmar a tendência de um álbum cinzento, mas como não há regra sem excepção há contudo uma musica que levanta um pouco o moral e que foge á regra das restantes faixas do álbum, uma das minhas preferidas, a encerrar este mágnifico trabalho “Tonight Will Be Fine”.
Tristeza, consternação, coragem, liberdade todos os mais variados sentimentos convivendo lado a lado num trabalho discográfico é difícil encontrar da maneira que o encontramos em “Songs From a Room”, um trabalho intimista que nos absorve, letras intensas acompanhados de melodias suaves numa combinação perfeita, um trabalho obrigatório que eu gosto especialmente deste Monge Budista mais que um verdadeiro artista, uma referência não só na musica, mas em tudo o que pões o dedo, um filósofo, um religioso… sem duvida um senhor do nosso tempo.
2008 foi um ano em que Portugal foi brindado com a visita deste senhor da musica, no mesmo dia em que recebemos a visita de outro grande senhor da musica… Lou Reed, infeliz coincidência, tantas vezes criticada.
A musica de Cohen vai continuar presente nas nossas vidas aguardando uma possivel proxima visita… Enquanto esperamos por essa possibilidade ficamos com “Songs From a Room” e com essas trovas que são sobretudo… actuais.


The Partisan - Leonard Cohen

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