
Muito tempo antes de se ousar falar em guerras de
egos no seio das bandas, nos
Velvet Undergound já havia esse ambiente, em plenos anos 60, “
The Velvet Underground & Nico” o primeiro álbum dos
Velvet Underground, surge nesse contexto, e não é preciso ir para
alem do titulo para perceber uma das manifestações dessa forma de “guerrilha interna” em que
Lou Reed, John Cale,
Sterling Morrison e
Doug Yule não consideravam a modelo Nico imposta pelo “mecenas” da banda, Andy
Warhol.
Dai a separação e o nome do álbum ser este.
Mas esse era apenas um ponto em que a banda de Nova
Yorque se mostrava a frente do seu tempo, desde logo, o modo como Andy
Warol, tentando experimentar novas formas de arte, o fazia neste caso patrocinando o banda cedendo-lhe um espaço, a
Factory, onde não só os
Velvet Underground como outros artistas davam azo as suas divagações
artísticas nos mais diversos ramos da arte. Com todo este ambiente em que que se estava rodeada completamente por arte, o resultado só poderia ser uma obra de arte. “
The Velvet Underground & Nico” é sem duvida essa obra de arte fruto dessa ideia de corrente
artistica materializada pela
Factory de
Warol e da ambição de
musicos excelentes,
perfeccionistas e obcecados pela sua forma
defazer musica. Não é um álbum fácil, nem o pretende ser, assim como a carreira dos
Velvet Undergound nunca foi um conto de fadas, este álbum também não o pretende ser surge como fiel imagem da banda em que toca em temas proibidos para
America de então mergulhada no “
Flower Power”. Assuntos como as drogas, a prostituição, a
miséria, contando a história de uma
América e de um universo urbano desconhecido mas real.
A sonoridade também ela é inovadora para o que se fazia na altura, misturando vários estilos e dispersos por diversos temas do álbum. Sonoridades mais ligadas a uma
estética musical P
op, “
Sunday Morning”, “
Femme Fetale” “
There She Goes Again”, “
Run Run Run”, ou “I´
ll Be Your Mirror” de sonoridades mais experimentais e alternativas em “
Venus in Furs”, “
All Tomorrow’s
Parties” ou “
Heroin” e em que se fazia uso e abuso de
riffs e distorção de guitarra em temas como “
European Son”, com longos um longo e experimental solo bem como musicas mais directas, “
The Black Angel Death Song” ou “
There She Goes Again”. Todas as musicas, acompanhadas de uma
estética inovadora, são acompanhadas de letras marcantes e profundas, perfazendo uma
combinação excelente.
Há quem considere que “
The Velvet Underground & Nico” foi o primeiro álbum P
unk, isto 10 anos antes do surgimento do dito movimento, e essa facto não pode ser de todo negado, uma vez que foi o primeiro álbum a abordar realidades mais alternativas e até então nunca abordadas pela musica, foi como que um álbum contra-cultural uma vez que inovava tanto a
nível lírico como musical e era oposto a tudo o que se fazia na
década de 60 quer nos EUA, quer na Europa. Aquela vertente cultural alternativa como o
Punk teve o seu inicio com este trabalho. E de facto o potencial e a qualidade deste trabalho só foi reconhecido verdadeiramente aquando do surgimento do movimento P
unk, 10 anos depois do seu lançamento o que
demonstra sem duvida o quanto a banda estava a frente do seu tempo. Quanto a vendas, foram poucas, chegando mesmo a sua venda a ser proibida em certos locais devido a sua linguagem, demasiado directa e crua para a época, foi um autêntico fracasso comercial na altura em que foi lançado. Mas a qualidade dos álbuns não se mede pelo numero
de vendas, mas sim pela sua influência futura e quanto a isso, não há álbum como este que
influenciou desde o movimento P
unk, até ao G
runge de Seattle, passando como não podia deixar de ser por toda P
op mais cinzenta da década de 80, continuando ainda hoje a
influenciar como nenhum álbum e nenhuma banda como os
Velvet Underground.
A juntar a isto só falta referir a capa que dispensa apresentações, capa reflexo da P
op-A
rt de Andy
Warhol, que fez com que o álbum passasse a ser conhecido como o “álbum da banana” e que faz dele uma obra de arte
indispensável, por dentro e por fora.