segunda-feira, 2 de março de 2009

Disintegration (1989) - The Cure

Com “Kiss me, Kiss me, Kiss me” de 1987, anterior a “Disintegration”, é de notar como em nenhum outro álbum aquilo que caracterizou os The Cure e os tornou conhecidos, a sua capacidade de misturar a musica pop com influências góticas. Com “Disintegration” o álbum desta semana há como que um regresso a uma fase inicial da carreira da banda de Robert Smith em álbuns como “Seventeen Seconds” de 1980, “Faith” de 1981 e “Pornography” de 1982 em que o recurso a sonoridades mais obscuras está bem patente. Em “Disintegration” há novamente uma colagem a essas sonoridades, mas de uma forma mais segura, madura e muito mais acutilante.
Disintegration” é uma autêntica caixinha de surpresas, muito á imagem de Robert Smith que segundo o próprio passava na altura por uma fase difícil da sua vida, transportando todo o desespero e melancolia para “Disintegration”. Um trabalho que tem tanto de depressivo como de belo, um álbum longo e nem sempre fácil, é contudo um álbum em que sobressai a sua atmosfera muito própria que nos envolve e embala da primeira a ultima faixa. É quase unanimemente eleito como o melhor álbum da banda, dele saíram muitas das musicas que fizeram dos The Cure uma banda conhecida e admirada em todo o mundo não só no meio alternativo. Faixas que se destacam como a épica e instrumental faixa de abertura “Plainsong” a servir de mote e exemplo do que é todo o álbum. “Pictures of You” de mais de 7 minutos em que Smith fala de amor, e em que se destacam também os magníficos arranjos, principalmente de guitarra, com uma introdução instrumental memorável. “Closedown” a terceira faixa do álbum, também ela muito boa em que se destaca mais uma vez o ambiente sonoro criado e conjugado com magníficos arranjos de guitarra. “Lovesong”, a faixa seguinte, e uma das mais conhecidas dos The Cure é uma faixa mais pop, mas em que a angustia e a tristeza de Robert Smith não deixa de estar presente e que fez um especial sucesso nos EUA. Seguida da emotiva “Lastdance” caracterizada pelos riffs e em que o ambiente melancolico se mantem, seguida da eterna “Lullaby”, um tremendo sucesso, em que Robert Smith faz uma sátira ao medo das aranhas, e cujo videoclip ganhou o prémio de melhor videoclip dos Brit Awards de 1990. “Fascinations Streettambem ela uma faixa das mais conhecidas dos The Cure marcada pelos riffs de guitarra cativantes. As restantes faixas “Prayers for Rain”, “The Same Deep Water as You”, “Homesick” e “Untitled” encaixam bem umas a seguir as outras sem destoar do álbum, mas o destaque vai ainda para a faixa que dá titulo ao álbum “Disinegration”, que faz lembrar (mais que as restantes) o ambiente pós-punk do inicio dos anos 80 e o as sonoridades que caracterizaram os The Cure nos seus primeiros trabalhos.
Um álbum longo (de mais de 70 minutos), mas homogéneo do inicio ao fim em que os músicos se apresentam numa excelente forma e os instrumentos encaixam entre si na perfeição. Temas marcantes e sombrios em que a melancolia está sempre presente nas letras de Robert Smith e na sonoridade. Atingiu o 3º lugar do Top Britânico e o 14º do Top Americano. É um álbum que ajuda a definir os The Cure como uma das mais bem sucedidas bandas de rock alternativo em todo o mundo servindo-lhe como um dos seus cartões de visita, e escolhido como a melhor forma da banda se despedir da década mais cinzenta e depressiva da história da musica. Consagrado pela critica e elogiado pelos fãs, por vezes faz-nos parecer que estamos perante um álbum épico, ou mais que isso, afinal, aquela tristeza consentida como Robert Smith e companhia a interpretam neste álbum, acaba por ser uma experiência que vale a pena ser vivida da primeira á última faixa.


Lovesong - The Cure

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