segunda-feira, 9 de março de 2009

The Velvet Underground & Nico (1967) - The Velvet Underground

Muito tempo antes de se ousar falar em guerras de egos no seio das bandas, nos Velvet Undergound já havia esse ambiente, em plenos anos 60, “The Velvet Underground & Nico” o primeiro álbum dos Velvet Underground, surge nesse contexto, e não é preciso ir para alem do titulo para perceber uma das manifestações dessa forma de “guerrilha interna” em que Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison e Doug Yule não consideravam a modelo Nico imposta pelo “mecenas” da banda, Andy Warhol. Dai a separação e o nome do álbum ser este.
Mas esse era apenas um ponto em que a banda de Nova Yorque se mostrava a frente do seu tempo, desde logo, o modo como Andy Warol, tentando experimentar novas formas de arte, o fazia neste caso patrocinando o banda cedendo-lhe um espaço, a Factory, onde não só os Velvet Underground como outros artistas davam azo as suas divagações artísticas nos mais diversos ramos da arte. Com todo este ambiente em que que se estava rodeada completamente por arte, o resultado só poderia ser uma obra de arte. “The Velvet Underground & Nico” é sem duvida essa obra de arte fruto dessa ideia de corrente artistica materializada pela Factory de Warol e da ambição de musicos excelentes, perfeccionistas e obcecados pela sua forma defazer musica. Não é um álbum fácil, nem o pretende ser, assim como a carreira dos Velvet Undergound nunca foi um conto de fadas, este álbum também não o pretende ser surge como fiel imagem da banda em que toca em temas proibidos para America de então mergulhada no “Flower Power”. Assuntos como as drogas, a prostituição, a miséria, contando a história de uma América e de um universo urbano desconhecido mas real.
A sonoridade também ela é inovadora para o que se fazia na altura, misturando vários estilos e dispersos por diversos temas do álbum. Sonoridades mais ligadas a uma estética musical Pop,Sunday Morning”, “Femme Fetale” “There She Goes Again”, “Run Run Run”, ou “I´ll Be Your Mirror” de sonoridades mais experimentais e alternativas em “Venus in Furs”, “All Tomorrow’s Parties” ou “ Heroin” e em que se fazia uso e abuso de riffs e distorção de guitarra em temas como “European Son”, com longos um longo e experimental solo bem como musicas mais directas, “The Black Angel Death Song” ou “There She Goes Again”. Todas as musicas, acompanhadas de uma estética inovadora, são acompanhadas de letras marcantes e profundas, perfazendo uma combinação excelente.
Há quem considere que “The Velvet Underground & Nico” foi o primeiro álbum Punk, isto 10 anos antes do surgimento do dito movimento, e essa facto não pode ser de todo negado, uma vez que foi o primeiro álbum a abordar realidades mais alternativas e até então nunca abordadas pela musica, foi como que um álbum contra-cultural uma vez que inovava tanto a nível lírico como musical e era oposto a tudo o que se fazia na década de 60 quer nos EUA, quer na Europa. Aquela vertente cultural alternativa como o Punk teve o seu inicio com este trabalho. E de facto o potencial e a qualidade deste trabalho só foi reconhecido verdadeiramente aquando do surgimento do movimento Punk, 10 anos depois do seu lançamento o que demonstra sem duvida o quanto a banda estava a frente do seu tempo. Quanto a vendas, foram poucas, chegando mesmo a sua venda a ser proibida em certos locais devido a sua linguagem, demasiado directa e crua para a época, foi um autêntico fracasso comercial na altura em que foi lançado. Mas a qualidade dos álbuns não se mede pelo numero de vendas, mas sim pela sua influência futura e quanto a isso, não há álbum como este que influenciou desde o movimento Punk, até ao Grunge de Seattle, passando como não podia deixar de ser por toda Pop mais cinzenta da década de 80, continuando ainda hoje a influenciar como nenhum álbum e nenhuma banda como os Velvet Underground.
A juntar a isto só falta referir a capa que dispensa apresentações, capa reflexo da Pop-Art de Andy Warhol, que fez com que o álbum passasse a ser conhecido como o “álbum da banana” e que faz dele uma obra de arte indispensável, por dentro e por fora.


Ill Be Your Mirror (Single V - The Velvet Underground & Nico

2 comentários:

Luciana Aun disse...

Daniel,
Agradeço muito sua presença e seu comentário nessa postagem.
Não haverá noite tão perfeita como foi a desse show do Waters.
Seu blog está devidamente linkado ao Progrockvintage.
Agradeço mais uma vez.

Um abraço.

Ps: Bela postagem, Lou Reed e Nico e faziam uma das mais belas parcerias do rock.

Phil disse...

Obrigado pelo comentário no meu blog, também já acrescentei o teu.
Excelente blog, dedicado ao melhor tema de conversa que a meu ver existe, a música claro.
Referindo-me agora a esse disco dos Velvet, é um clássico obrigatório, e cuja influência fala por ele. Simplesmente histórico.

Cumprimentos