segunda-feira, 18 de maio de 2009

Unknown Pleasures (1979) - Joy Division

Mais importante do que entender cada letra deste álbum, torna-se necessário conhecer o meio, a época e o mundo que rodeava o lider dos Joy Division, Ian Curtis. Formados após um concerto dos Sex Pistols, numa altura em que o Punk atingia o auge na Grã-Bertanha, e em que se assistia ao aparecimento de novas bandas com uma nova estética a todo o momento, numa cidade cinzenta como Manchester onde o escape era muitas das vezes a musica… Foi todo este complexo de factores que resultou nos aparecimento dos Joy Division, porém o mais difícil de explicar ou até tentar compreender será a a mente de Ian Curtis, motivado por uma criatividade genial ou “qui-ça” pelos seus inumeros problemas pessoais acabou por pintar o Rock e a decada de 80 de tons cinzentos…
O álbum de estreia dos Joy Division “Unknown Pleasures” é sem duvida um marco na musica do séc XX, não só pela sua qualidade presente em todas as musicas que o integram mas acima de tudo porque foi um trabalho que tudo pôs do avesso e a partir dai, nada na musica voltou a ser como dantes.
Ao longo do álbum, uma sonoridade nova sobressai, não é punk, mas também não é aquele rock como o habitual dos anos 70, também não é nenhum compromisso entre esses dois estilos, é algo de surpreendentemente novo… o álbum é marcado por essa estética e sonoridade e em que o uso e abuso do linhas de baixo de Peter Hook executadas na perfeição se conjugam com uma bateria quase “militar” de Stephen Morris, e “riffs” arrojados da guitarra de Bernard Sumner. Exemplo disso são as primeiras faixas “Disorder” (abertura em grande), “Day of the Lords”, que demonstra todo o explendor da sonoridade patente deste álbum ou as “claustrofóbicas” “Candidate” e “Insight”. É difícil neste álbum encontrar um momento alto, todo ele é excelente do inicio ao fim, mas talvez se possa indicar “New Dawn Fades” como a musica que mais se destaca, mas essa análise é difícil, uma faixa “assustadora” em que Curtis provavelmente se quis referir a temática da mudança (?). O álbum arranca novamente para faixas mais ritmadas como “She´s Lost Control”, retratada no recente filme de Anton Corbijn sobre Ian Curtis e os Joy Division, “Control” como uma faixa inspirada num caso de uma jovem epiletica que impressionara Ian Curtis que tambem sofria dessa doença, uma faixa mais voltada para o punk, mais acelerada. Em “Shadowplay”, Curtis aborda a morte, encontros e desencontrostendo como fundo o meio urbano numa das musicas mais conhecidas dos Joy Division, segue-se a “industrial” “Wildserness” e a fechar novamente sonoridades mais inspiradas pelo “punk” em “Interzone” e um grande final em “I Remember Nothing”.
Por muito que se tente explicar ou compreender a carga lírica depressiva de Ian Curtis, é uma tarefa ardua, nem Hook, Sumner e Morris, na altura o conseguiram, e isso pouco importa, o que mais ressalta é a profunda tristeza e angusita sempre presente , uma tristeza como que irremediável e consentida, como que a antever um final trágico e ao mesmo tempo envolta numa sonoridade cativante. Costuma dizer-se que há o antes e o depois dos Joy Division e a banda de Manchester foi sem duvida neste álbum pioneira de uma nova fase da musica que ai vinha, nunca ninguém tivera a coragem de a abordar deste modo, tornando-a sofrega e cinzenta, como que uma longa viagem por um imenso deserto de desolação e tragédia, como neste álbum, e tudo o que veio a seguir foi diferente como não podia deixar de ser… A Década que ai vinha descobrira a sua identidade musical graças a este quarteto a e muito por culpa deste álbum, tidos como os fundadores do rock-gótico ou do chamado post-punk foram inspiradores de tudo o que dai se fez em diante mas principalmente e em especial de bandas como Depeche Mode, The Cure, The Smiths, Sisters of Mercy ou mais recentemente The Killers e Interpol. E Manchester essa cidade onde nada se passava, passou de um momento para o outro a ser o centro de toda a criatividade musical da Grã-Bertanha.
Muito se tem dito e escrito sobre o trágico suicídio de Ian Curtis no dia 18 de Maio de 1980, aos 23 anos dias antes de partir para a primeira Tour dos Joy Division nos Estados Unidos, os problemas pessoais como o casamento desfeito e a relação com a amante, bem como a epilepsia que cada vez se agravava mais, ou a dificuldade em lidar com a sua crescente ascenção mediatica foram talvez prenuncio de um desfecho inevitavel de alguem que apesar de todo o futuro brilhante que se lhe antevinha, mostrou acima de tudo que era um comum ser-humano, com problemas, defeitos e qualidades e que ás sucessivas e frustradas tentativas de fuga do seu “labirinto”, disse como o próprio escreveu na carta de despedida “Não aguento mais…”, inscrevendo o seu nome na lista dos icones imortais da musica do Sec. XX e protagonizando uma das grandes histórias da musica do nosso tempo…


Disorder - Joy Division

2 comentários:

João Pimenta disse...

Parabéns por este post sobre o Joy Division. Está bem escrito e faz uma análise razoável do fenômeno que foi o JD.
Gostei da parte onde escreveu ...
"Ao longo do álbum, uma sonoridade nova sobressai, não é punk, mas também não é aquele rock como o habitual dos anos 70, também não é nenhum compromisso entre esses dois estilos, é algo de surpreendentemente novo… "

Abraço!!

João

João Pimenta disse...

Daniel,
Agradeço pela visita ao meu blog e pelo comentário deixado.
Abraço,