segunda-feira, 13 de outubro de 2008

10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte (1978) - José Cid

Todos nós reconhecemos a influencia que o trabalho de José Cid teve e continua a ter na musica popular Portuguesa, o que o grande público desconhece é o outro lado da carreira de José Cid. O álbum esta semana apresentado é a faceta mais visível desse lado “oculto” de José Cid.
Depois do sucesso alcançado como líder do Quarteto 1111, José Cid “aventura-se” no rock progressivo na altura em voga. Em 1977 José Cid lança o álbum “Vida (sons do quotidiano)” o primeiro da faceta progressiva de José Cid, para no ano seguinte lançar o álbum “10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte”. Costuma-se a dizer que o povo português nunca soube dar valor ao que era seu, preferindo os estrangeiros e estrangeirismos que muitas vezes de qualidade inferior ao que é nosso ganham valor apenas pelo facto de não serem portugueses, como o Vinho do Porto em que (há quem diga) ainda não lhe soubemos dar o devido valor, “10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte” é o exemplo maior (na musica) dessa característica tão nossa, senão vejamos: É considerado dos 100 melhores álbuns do género Rock Progressivo de sempre (e é cantado em português um marco notável!), o seu valor em leilões um pouco por todo o mundo atinge as muitas centenas de euros e basta pesquisar no Google “José Cid” ou “10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte” para nos serem apresentados centenas de sites que um pouco por todo o mundo fazem referencia a este trabalho, e muito mais poderia ser dito aqui sobre os “feitos” deste trabalho, contudo é impressionante como este trabalho é desconhecido pelo público português.
O álbum em si e um trabalho conceptual, que relata a historia de um homem e de uma mulher que não podendo mais viver no Planeta Terra fogem para o espaço, voltando 10000 anos depois. Começando com “O último dia na Terra” uma faixa em destaque em que sobressai o mellotron, em “O Caos” José Cid apresenta a sua visão do Apocalipse: “A tua cidade é uma vala comum/ todos os caminhos vão a lugar nenhum…”, a faixa seguinte “Fuga Para o Espaço” é um épico, transmitindo uma atmosfera triste e melancólica, seguido de “Mellotron, o Planeta Fantástico”, em que o mellotron está mais uma vez em destaque bem como os solos a um ritmo alucinante da guitarra da Mike Sergaent, a faixa seguinte é a que dá titulo ao álbum, de uma excelente técnica e execução musical, um bom exemplo de rock-progressivo bem tocado assim como “A Partir do Zero” uma fantástica faixa instrumental tal como a faixa final do albumMemos” caracterizada pelos excelentes coros.
De referir também o elenco de luxo que acompanhou José Cid neste trabalho: Ramon Gallarza, Mike Sergaent e Zé Nabo, excelentes músicos. Outras curiosidades deste Álbum para além das já referidas é as de que o álbum era considerado pouco comercial e tendo no seu interior um mini-livro com fotografias que o encarecia muito, José Cid abdicou dos royallities, o álbum vendeu muito pouco, e José Cid deixou por completo a sua vertente progressiva e nunca mais se aventurou nestas andanças (é pena), num dos sucessos seguintes de José Cid a bastante popular “Amar como Jesus amou”, José Cid explica que a compôs porque precisava de comprar um carro novo…
Por tudo o que representa, por ser um dos melhores álbuns de rock-progressivo alguma vez feitos, eu aventuro-me mesmo a dizer que foi dos melhores trabalhos musicais alguma vez feitos no nosso pais, pela critica de José Cid feita a humanidade, e pela excelente qualidade dos músicos que acompanham José Cid nesta obra, este álbum merece ser ouvido com atenção, porque não acompanhado por um cálice de Porto?


Mellotron O Planeta Fantasticoo - Jose Cidd

2 comentários:

Anónimo disse...

Vale a pena esperar por segunda-feira. Já tive ocasião de te congratular pessoalmente pelo blog pelo que os meus encómios se dirigem agora para o post em questão. Nada tenho a corrigir, é um trabalho muito bem feito, tenho somente algo a salientar: é uma verdade absoluta de que desdenhamos o que é nosso e só damos valor quando no estrangeiro apreciam e aí não nos atrevemos a discordar. E não é assim agora, é assim há 100 anos! Escreveu Mário de Sá-Carneiro na sua obra "Loucura...":

"Valesse pouco o seu trabalho; incensado pela França, Portugal não se atreveria a desdenhá-lo."

Quantos séculos precisaremos até mudar de atitude?

Elemento Musical disse...

Sem dúvida, um dos melhores discos portugueses de sempre
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