segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Nevermind (1991) - Nirvana

Eis que finalmente chega a este blog um álbum da década de 90, e que álbum…
Numa altura em que o meio musical se encontrava numa enorme confusão, com a pop (típica dos anos 80) de artistas como Madonna ou Michael Jackson a cair a pique por um lado, por outro o Heavy metal/Hard-Rock não se mostrava a acutilância de outros tempos e apresentava já demasiado desgaste, começando a ficar para 2º plano era preciso algo de diferente e de novo… E se o contexto musical se encontrava numa encruzilhada há que dizer que o contexto politico-social da altura se encontrava igualmente numa grande confusão: a queda do Muro de Berlim e o consequente fim da Guerra Fria, a mudança do mapa geo-politico, a Guerra do Golfo o inicio de uma nova década e uma total descrença no futuro por parte de uma nova geração.
A História tem demonstrado que é de situações de tensão e crise que os movimentos de contra-cultura têem emergido, o caso que aqui é analisado é um dos maiores exemplos disso, oriundos de Seattle, cidade natal de bandas como os Pearl Jam, Soundgarden ou Alice in Chains, os Nirvana foram contudo a face mais visível do movimento “grunge” que vinha a surgir naquela cidade o principal culpado: Nevermind. Tal como Manchester no final dos anos 70/ inicio dos anos 80, que veio baralhar as cartas do cenário musical e por tudo do avesso, Seattle e o seu som veio fazer o mesmo, o movimento grunge era a resposta a todo o deserto que começava a pairar no meio musical, considero obvio o paralelismo tal como em Manchester o undergound (agora de Seattle) assaltava os lugares cimeiros dos tops um pouco por todo o mundo, e o sentimento cantado pelos lideres dessas bandas era o sentimento de milhões…
Falando do álbum em si, o segundo dos Nirvana foi um acaso do destino, foi feito para vender 100 mil cópias o que é certo é desde cedo conquistou a aclamação da critica e as tabelas de venda um pouco por todo o mundo, até hoje já vendeu mais de 20 milhões de cópias, mas que tem ele de tão especial? Em primeiro lugar há que dizer o que já foi referido, este álbum representa uma nova sonoridade, uma sonoridade alternativa e numa altura em que outros gigantes da musica se encontravam em declínio foi um passo bastante importante para alcançar o sucesso, mas obviamente que não bastava fazer um som diferente para se ter sucesso é imprescindível a qualidade e essa está patente do inicio ao fim de “Nevermind”. O álbum começa com “Smells Like Teen Spirit”, dispensa apresentações, não só é um hino undergound, como para muitos (e eu não discordo) é considerado o hino dos anos 90, bem como uma das melhores canções rock de sempre, segue-se “In Bloom” uma critica á industria musical da altura, “Come as You Are”, inesquecível também devido aos seus acordes, tantas vezes repetidos nas aulas de iniciação de guitarra um pouco por todo o mundo, em “Breed” é de notar a vertente underground dos Nirvana (aliás como em todo o disco), “Lithium” é sobre o distúrbio bipolar do seu autor Kurt Cobain, vem se seguidaPolly”, em que Cobain demonstra a sua repugnância face a violação, “Territorial PissingsCobain indica que há uma saida para os problemas, “Drain You” sobre amor, Kurt Cobain assumiu ser uma das suas preferidas a par de “Smells Like Teen Spirit”, “Lounge Act”, uma musica que nos fala sobre persoectivas futuras, “Stay Away” um grito de revolta de Cobain contra o conformismo da juventude, “On a Plain” alvo de diversas interpretações, com varias linhas de poesia e a terminar o magnifico “Something in the Way” sobre a experiência de Cobain ao ser expulso de casa mas Cobain indica que há um caminho apesar de experiências menos positivas… Tudo isto acompanhado de um som diferente de “riffs” e mais “riffs” com uma linha de bateria de Dave Grohl também ela fenomenal…
Produzido por Butch Vig baterista dos Garbage e produtor de trabalhos de bandas como Smashing Pumpkins, Sonic Youth e mais recentemente Green Day é em suma um álbum diferente não só apresenta uma sonoridade pesada mas inovadora, como que uma lufada de ar fresco no panorama musical, como é dirigido a um público ansioso por respostas, alguém que indicasse o caminho num tempo de incertezas este álbum teve esse condão, relata uma época. Os Nirvana a partir dai nunca mais seriam os mesmos, e a titulo de curiosidade, (simbolicamente) destronaram Michael Jackson dos tops Americanos, acabando de vez com a musica pop tão popular nos anos 80, é para muitos considerado o melhor álbum dos anos 90, o Vh1 chega a considerá-lo o 2º melhor álbum de sempre (somente atrás de “Revolver” dos Beatles), a capa essa dispensa apresentações mas merece o seu mais merecido destaque sendo considerada pela Rolling Stone a melhor capa de todos os tempos… Independentemente de se gostar ou não do género, este álbum e histórico, razões não faltam para tê-lo em casa e ouvi-lo do inicio ao fim.
"Nevermind" está para a década de 90 como nenhum álbum consegue estar para a década em que foi feito, é o álbum de toda uma geração…


Smells Like Teen Spirit - Nirvana

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